Título: Lula elogia Conselho por moralição da Justiça
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 06/12/2006, O País, p. 10

Presidente volta a criticar imprensa afirmando que notícias ruins têm mais espaço que as boas

BRASÍLIA. Em meio a uma crise com o Judiciário, motivada por propostas de aumento salarial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou ontem o desempenho do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Disse que o órgão é responsável pela moralização e transparência da Justiça e pela regulamentação dos subsídios de juízes e desembargadores. O Conselho está na berlinda por causa de medidas que podem aumentar os salários dos magistrados e permitir vencimentos acima do teto constitucional do funcionalismo público.

¿ Criamos o tão esperado Conselho Nacional de Justiça, cujas atividades estão sendo fundamentais para garantir cada vez mais a moralidade da administração da Justiça, assegurando sua maior transparência. A partir do Conselho atacou-se fortemente o nepotismo, foram sistematizados os processos de promoção de magistrados, e regulamentados os subsídios e vencimentos dos juízes e desembargadores ¿ elogiou Lula.

¿Notícia ruim deve dar mais dinheiro¿, diz Lula

O presidente participou ontem da solenidade de entrega do Prêmio Innovare ¿ A Justiça do século XXI, com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. O prêmio destaca práticas inovadoras que contribuem para a modernização e eficiência da Justiça brasileira. No discurso, Lula ressaltou a importância da aprovação da reforma do Judiciário. Para ele, a reforma não foi uma conquista do governo, mas de toda a sociedade. Lula disse acreditar que, com as mudanças, o Judiciário ¿se despiu de velhos preconceitos e se empenhou em um processo de modernização sem precedentes¿.

Ao discursar, Lula ressaltou ainda o ¿pacto pelo Judiciário¿, assinado em 2004, visando o aprimoramento dos serviços judiciais, e citou a criação de 1.265 cargos de defensores públicos nos estados e 169, na União.

¿ Todo cidadão e cidadã tem que ter por direito universal a igualdade perante a lei, mas também tem que ter as condições de se fazer representar dignamente na busca por justiça ¿ disse.

No mesmo discurso, o presidente voltou a criticar a imprensa, afirmando que as notícias ruins têm mais espaço do que as boas.

¿ Lamentavelmente, temos uma cultura, e temos que respeitar aquilo que a gente tem, predominante. É que muitas vezes, as notícias boas não merecem os destaques que merecem uma notícia ruim. Possivelmente, eu acho que do ponto de vista econômico, a notícia ruim deve dar muito mais dinheiro do que a notícia boa. Como é que a gente vai educar a sociedade brasileira de que as coisas boas acontecem em maior número que as coisas ruins no país e que muitas vezes elas não são mostradas? ¿ disse o presidente

Para presidente, Judiciário fez reforma silenciosa

O presidente Lula afirmou ainda que o Judiciário está passando por uma reforma silenciosa:

¿ Sabemos que a maior democratização do acesso ao Poder Judiciário e a sua capacidade de solucionar conflitos, cada vez com mais eficiência e agilidade, são fundamentais para garantir a harmonia e a segurança do convívio social, contribuindo para o desenvolvimento da nação. Temos nos empenhado, juntamente com o Poder Judiciário, em levar à frente, por exemplo, uma reforma silenciosa ¿ uma reforma que ainda não ganhou as manchetes dos jornais ¿ que é tão importante quanto as que já foram aprovadas ou estão em tramitação no Poder Legislativo ¿ afirmou Lula.