Título: No Maranhão, 28% dos bebês nascidos em 2005 são filhos de adolescentes
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 06/12/2006, O País, p. 17

Falta de distribuição de contraceptivos contribui para gravidez precoce

RIO e SÃO LUÍS. O Maranhão foi o estado que registrou o maior número de mães adolescentes em 2005: 28,1%. Em seguida, estão Tocantins (com 27,3%) e Pará (com 27,1%). Os menores foram no Distrito Federal (15,%) e em São Paulo (16,9%). Ao todo, 574.537 crianças nasceram de mães com idades entre 15 e 19 anos em 2005.

No Maranhão, 42 mil adolescentes ficaram grávidas em 2006, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Susane Oliveira Silva, 17 anos, é uma dessas meninas que deixaram a adolescência para cuidar de Pablo, de quatro meses, fruto de um namoro com um garoto de sua mesma idade. Ela engrossa as estatísticas do IBGE que apontam o Maranhão como um dos estados com os maiores percentuais de mães adolescentes, 28,1%.

Sem poder estudar e nem trabalhar, Susane se dedica à criação de seu filho, que nasceu com um problema no coração.

¿ Não fiz pré-natal, e quando ele nasceu tinha esse problema.

Susane enfrenta os problemas do filho sozinha, já que o pai desapareceu quando soube da gravidez da namorada.

¿ Ele não quis assumir e, como eu não queria tirar, resolvi ter o bebê.

Ela mora com os pais e mais três irmãos no Ipem São Cristóvão, invasão na periferia de São Luís. A família sobrevive com os bicos do pai e a renda de outras seis casas na mesma invasão, alugadas a cem reais cada. Os pais ajudam a criar o bebê. Mas Susane não esconde a melancolia quando lembra o sonhos de ser médica.

¿ Agora não tem mais jeito. Só espero que meu filho fique bom, e eu possa conseguir um emprego ¿ diz a jovem, que antes da gravidez, ela cursava o primeiro ano do ensino médio e trabalhava como babá.

Ana Amélia Silva Braga, técnica do Programa de Atenção à Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente do Ministério da Saúde no estado, explica que falta de informação e distribuição sistemática de contraceptivos nos postos de saúde contribuem para o elevado índice de gravidez precoce. O programa está implantado em 50 dos 217 municípios maranhenses.

¿ É preciso que o adolescente tenha acesso a a métodos contraceptivos para que possam exercer sua sexualidade.