Título: Alerj no olho do furacão
Autor: Rocha, Carla , Vasconcellos, Fábio e Ernesto, Luiz
Fonte: O Globo, 07/12/2006, Rio, p. 17

Até aliado da família Garotinho quer saber impacto da renúncia fiscal

O pacote de medidas surpreendeu parlamentares da oposição e da base do governo. Ontem, o deputado Paulo Melo (PMDB), líder de Cabral e aliado histórico da família Garotinho, viu-se numa situação delicada. Apesar de dizer que o envio de mensagens dessa natureza é uma prerrogativa do governo, Melo pediu um relatório de impacto financeiro dos projetos de renúncia fiscal:

¿ É preciso que seja examinado um relatório do impacto das medidas, para que possamos analisá-las. Fiz um anexo ao parecer da Comissão de Constituição e Justiça, solicitando um relatório ao estado, para atender ao artigo 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal. De qualquer maneira, acho que os projetos deveriam ter sido discutidos dentro da equipe de transição, antes de serem enviados. Até porque não estamos falando de inimigos políticos (referindo-se a Rosinha e Cabral).

A saia ficou especialmente justa para os peemedebistas, que integram a bancada governista, praticamente a mesma de Rosinha e Cabral. O deputado Edson Albertassi (PMDB), um dos cotados para ser líder do partido na Alerj no ano que vem, desconversou:

¿ Ainda não há um entendimento sobre como votaremos. Acredito que prevalecerá o bom senso. Estamos tentando entender as razões de ambos os lados.

A oposição, embora em situação mais confortável, classificou de irresponsável a atitude da governadora, a poucos dias do final de sua gestão. O deputado Paulo Pinheiro (PPS) disse que o pacote é inaceitável.

¿ Num momento em que estamos com uma série de dúvidas sobre o orçamento do ano que vem, a governador ainda cria mais confusão. Isso é totalmente inaceitável, até porque não há tempo para se estudar as medidas. Além disso, um dos projetos favorece diretamente a Fetranspor, que tem um histórico de uma relação mal esclarecida com a Assembléia Legislativa ¿ criticou, fazendo a alusão à existência de uma bancada da Fetranspor na Casa.

Outro que ironizou o projeto que concede benefícios fiscais para empresas de ônibus foi o deputado Alessandro Molon (PT).

¿ É um estranho presente de Natal para as empresas de ônibus comprarem carrocerias e chassis sem pagar imposto. A governadora faz a proposta com o pretexto de que a medida visa ao Pan 2007. Mas o projeto que chegou à Assembléia não estipula prazo. Ou seja, está sendo dado um benefício que vale por tempo indeterminado e nada tem a ver com o Pan ¿ afirmou Molon. ¿ Na verdade, o governo está desesperado porque não conseguiu vender o Berj (Banco do Estado do Rio de Janeiro) para cobrir o rombo do caixa.