Título: Jungmann desafia seus acusadores
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 16/01/2007, O País, p. 9

Deputado diz que renuncia se for comprovado desvio quando era ministro

BRASÍLIA. O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), processado pelo Ministério Público por desviar R$33 milhões dos cofres públicos, anunciou que está disposto a renunciar ao mandato se for encontrado vestígio do dinheiro em sua conta bancária. Ele e mais oito pessoas respondem a ação por improbidade administrativa na Justiça Federal. Os recursos teriam sido utilizados para pagar contratos de publicidade com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de 1998 e 2002, quando Jungmann era ministro do Desenvolvimento Agrário.

- Renuncio ao mandato se alguém encontrar desvio para minha conta bancária. Nenhum centavo dos ditos R$33 milhões desviados foi parar no meu bolso ou na minha conta - disse.

Jungmann retirou a acusação feita na sexta-feira contra adversários políticos. Mas insinuou que estaria sendo perseguido.

- Participei das CPIs do Mensalão e dos Sanguessugas. Tem muita gente envolvida, mas não vou falar sobre o assunto nem sob tortura. Vamos deixar para depois que eu for inocentado.

Jungmann negou que as investigações tenham influenciado seu apoio a uma candidatura alternativa para a presidência da Câmara. Ele informou ter encaminhado carta ao Conselho de Ética da Câmara pedindo para ser investigado. O deputado teria enviado ofício ao presidente do partido, deputado Roberto Freire (PE), solicitando que o PPS apure sua conduta quando esteve à frente da pasta.

Jungmann disse que o Incra investigou o caso e concluiu que o ministério havia pago R$562 mil a mais a agências de publicidade. Os R$33 milhões seriam referentes ao total dos serviços prestados pelas agências nos anos em que ocupou o cargo. Segundo ele, se houve irregularidade, o dinheiro tem que ser devolvido pelas agências, e não cabe a um ministro checar supostas notas frias.

- Alguém errou no cálculo das comissões para as agências, mas são as agências que têm que devolver o dinheiro.

Ontem, a jornalista Flávia Torreão, uma das denunciadas, divulgou nota contestando números dos procuradores. Segundo ela, foram emitidas notas fiscais para pagamento mensal de R$10 mil a dois jornalistas.

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