Título: Vitória de Chinaglia teve ao menos 17 votos tucanos, admite Tasso Jereissati
Autor: Vasconcelos, Adriana e Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 03/02/2007, O País, p. 4

Líder da Minoria, Aleluia também reconhece que divisão da oposição favoreceu PT.

BRASÍLIA. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), admitiu ontem que o voto de pelo menos 17 deputados tucanos garantiram a eleição do petista Arlindo Chinaglia (SP) para a presidência da Câmara no segundo turno. Chinaglia ganhou por 18 votos. O partido tem 58 parlamentares. Tasso considera importante que o PSDB faça uma reflexão para administrar o desgaste junto a seu eleitorado. Para o líder da Minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), a divisão da oposição foi preponderante para a vitória de Chinaglia, que teria contado não só com votos do PSDB, mas do PFL.

¿ Para efeito de opinião pública, isso é incompreensível, assim como para a grande maioria do PSDB. Eu lamento, mas não tenho como deixar de reconhecer que o voto de um grupo de parlamentares tucanos foi decisiva para a vitória de Chinaglia. E isso prejudicou a imagem do partido. É importante fazermos uma reflexão ¿ disse Tasso.

Pivô da crise, Jutahy Júnior assume voto no petista

O senador, no entanto, disse que o partido não pretende fazer nenhuma caça às bruxas, mesmo porque a bancada foi liberada no segundo turno. Na sua opinião, a posição de uma minoria não chega a caracterizar um novo racha. Mas não escondeu a decepção de alguns líderes da legenda, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um dos primeiros a contestar de forma veemente ao apoio inicial do PSDB ao PT.

O governador de Minas, Aécio Neves, apressou-se ontem em telefonar para Tasso e afirmou que a posição assumida pelo deputado Narcio Rodrigues (PSDB-MG), que ganhou a primeira vice-presidência na Mesa da Câmara e teria sido um dos eleitores de Chinaglia no segundo turno, não tinha o seu aval.

O deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), ex-líder da bancada, assumiu o voto em Chinaglia sem constrangimento. Pivô da crise, já que foi o responsável pelo anúncio do apoio inicial da bancada ao candidato do PT, Jutahy justificou sua posição:

¿ O PSDB saiu unido em torno do deputado Gustavo Fruet no primeiro turno, mas como ele não foi para o segundo turno, por não ter contado com o voto de ninguém do PFL, decidi cumprir minha palavra. Entre dois candidatos da base governista, decidi seguir o critério da proporcionalidade. Não escolhi entre Aldo e Chinaglia.

Aleluia culpou os colegas da oposição pela vitória do petista. Segundo ele, se não fosse ¿o voto equivocado¿ da oposição, o resultado seria outro:

¿ A vitória de Chinaglia por 261 votos a 243 sugere que, sem os votos da oposição, manifestados abertamente por políticos do PFL e do PSDB, Aldo (Rebelo) teria sido reeleito.

Para o líder do PSDB, Antonio Carlos Pannunzio (SP), o PFL teve responsabilidade maior pelo resultado, por ter se recusado a abandonar a candidatura de Aldo, quando Fruet se lançou.

¿ Qual foi a diferença de votos? 25 votos. Por que dizer que vieram todos do PSDB? Responsabilidade maior teve o PFL, que não apoiou o Fruet e não garantiu a possibilidade de ele ir para o segundo turno ¿ criticou.

O líder admitiu o incômodo de o partido ser considerado responsável pela vitória do petista. Segundo ele, o embate entre PSDB e PT se dará nas matérias que tramitarão na Casa.

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