Título: Os perseguidores implacáveis do Planalto
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 20/02/2007, O País, p. 4

Os 26 telefonistas da Central de Informações se revezam 24 horas por dia para localizar autoridades

Luiza Damé

BRASÍLIA. Eles não têm descanso. Estão sempre à dispOsição para atender ministrOs e demais autoridades com necessidade ou urgência de falar com o presidente da República, pessoas do próprio governo ou políticOs em geral. Os 26 telefonistas da Central de Informações do Palácio do Planalto trabalham 24 horas por dia, inclusive nOs fins de semana e feriadOs como carnaval, Semana Santa ou Natal.

A equipe, cuja maioria é de mulheres, é capaz de localizar autoridades do governo federal, parlamentares e governadores a qualquer hora do dia ou da noite, onde estiverem, no Brasil ou no exterior. Em média, o serviço, que atende o poder público, faz entre 500 e 600 ligações por semana.

A Central de Informações é acionada principalmente nOs fins de semana, feriadOs e à noite, quando Os gabinetes do poder estão fechadOs e as autoridades não têm agendas de telefones à dispOsição nem secretárias a pOstOs. Nas viagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao exterior, as telefonistas têm de acordar assessores e ministrOs, quando acionadOs pela comitiva oficial, a qualquer hora.

Ainda que tenha sido eventualmente acordado durante a madrugada pelas telefonistas do Planalto, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz BastOs, não tem do que se queixar. Pelo contrário. Recentemente comentou que uma das coisas do governo de que mais vai sentir falta será justamente o serviço delas. Nunca passou aperto. Sempre que precisou encontrar alguma autoridade pediu socorro à Central e foi atendido.

O deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), ex-ministro das Comunicações, conta que já foi localizado algumas vezes pela Central de Informações em sua fazenda, no interior de Goiás, que seus amigOs e assessores dizem ser seu "refúgio secreto".

- Eles têm um banco de dadOs muito bom. Têm telefone dOs ministrOs, das secretárias, até das mães das secretárias - diz Eunício, ele próprio um usuário dOs serviçOs do Planalto.

O serviço foi criado em 2003. Até então, havia só um PABX comum. A eficiência e a gentileza dOs atendentes são elogiadas pelOs usuáriOs. E a discrição é, para as autoridades, a maior das virturdes. Os telefonistas não dão o número do telefone da autoridade procurada, só transferem a ligação se autorizadOs por quem está na outra ponta da linha. Se a pessoa não é localizada imediatamente, eles retornam o telefonema. Lidar com agendas tão poderOsas tem um preço: Os funcionáriOs não podem dar entrevistas ou ser fotografadOs.

A Central de Informação funciona nOs paláciOs do Planalto, da Alvorada e do Jaburu. MinistrOs como Walfrido dOs Mares Guia (Turismo) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) são usuáriOs assíduOs. Dulci tem no celular uma agenda reduzida e sempre que precisa, nOs fins de semana ou feriadOs, apela para a Central.

Ex-ministro da Previdência e atual líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) reconhece a eficiência do serviço, mas é comedido no uso:

- O serviço é muito prestativo, funciona bem, mas o uso esporadicamente. Tenho Os principais telefones na agenda do celular e procuro não incomodar.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ex-ministro da Educação demitido por telefone - mas não foi a Central de Informação que o localizou -, disse que continua usando o serviço quando precisa falar com autoridades do governo federal, especialmente fora do horário de expediente. A última vez que ele acionou a central foi no Natal, para falar com o chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho.

- Ele estava viajando e não conseguiram localizá-lo, mas me deram retorno. O serviço é muito eficiente.

Cotado para o pOsto de líder do governo na Câmara, JOsé Múcio Monteiro (PTB-PE) já foi acionado em viagens pelo interior do estado:

- É um trabalho muito bem feito. As moças são gentis e educadas.