Título: Argentina: nova dúvida sobre inflação
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 23/02/2007, Economia, p. 20

Instituto divulga índice de 1,2% em janeiro. Para técnicos, houve manipulação.

Janaína Figueiredo

BUENOS AIRES. Em meio à polêmica provocada pela decisão do presidente da Argentina, Néstor Kirchner, de afastar autoridades do Indec (o IBGE argentino) encarregadas de monitorar o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), o organismo divulgou ontem a taxa de inflação de janeiro passado, que alcançou 1,2%. O dado foi questionado por técnicos do Indec, que há várias semanas denunciam a intervenção do Ministério da Economia no instituto.

Há cerca de duas semanas, o Indec divulgou o IPC de janeiro de Buenos Aires, que subiu apenas 1,1%, bem abaixo da estimativa de analistas privados, entre 1,5% e 2%.

A presidente da Agência Nacional de Desenvolvimento de Investimentos, a economista Beatriz Nofal, admitiu ontem que a crise que envolve o Indec preocupa empresários e autoridades do governo americano. Beatriz está realizando uma visita oficial aos EUA, para conversar com funcionários do governo George W. Bush e representantes do setor privado.

- É um assunto que preocupa - disse, acrescentando que o tema foi discutido com empresários americanos. - Expliquei que os dados não são manipulados, que seria muito burro tentar manipulá-los, porque, cedo ou tarde, ficam evidentes.

As dúvidas, porém, persistem. Ontem, técnicos do Indec realizaram um novo protesto e acusaram o governo de "retocar" dados da inflação. Um dos números que mais chamou sua atenção foi o aumento de preços do turismo, já que, em algumas regiões do país, o indicador subiu quase 3%, mas a nível nacional a alta foi de 1,9%.