Título: Reforma: parte do PMDB reage ao atraso de Lula
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 24/02/2007, O País, p. 11

Ala da Câmara teme perder força se Temer não for reeleito

BRASÍLIA. A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de adiar a Reforma ministerial para a segunda quinzena de março causou desconforto na bancada do PMDB da Câmara, e também no PT, que esperavam pela conclusão das mudanças logo depois do carnaval. A principal reação foi dos deputados peemedebistas, que agora temem que Lula vincule o espaço destinado à bancada à eleição para a presidência da legenda, que ocorre no dia 11 de março.

Na conversa que teve na quinta-feira com a cúpula do PSB, Lula disse que prefere aguardar o desfecho da convenção nacional do PMDB para fazer as trocas. Ele espera saber com que grupo do partido poderá negociar a Reforma. O PMDB está dividido: a bancada da Câmara apóia a reeleição do deputado Michel Temer (PMDB-SP), enquanto o Senado tem preferência pela candidatura do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim.

Insatisfeitos, setores do PMDB da Câmara cogitaram a possibilidade de adiar a convenção, mas desistiram por achar uma provocação desnecessária. Ontem, o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse que continua acreditando que a Reforma será definida nos próximos dias. Ele reagiu à estratégia de Lula:

- Continuo com a palavra do presidente de que não iria vincular a escolha do Ministério à eleição do PMDB. Para mim, a Reforma irá acontecer nos próximos dias, como o presidente Lula nos assegurou. Quanto mais rápido for a Reforma ministerial, melhor para o governo.

De forma reservada, a bancada peemedebista do Senado comemorou o adiamento das mudanças no governo. Com isso, tenta ganhar fôlego para tentar garantir a eleição de Jobim para o comando do partido. Já no PT, a decisão de Lula foi interpretada como uma forma de tentar desgastar o capital político da ex-prefeita Marta Suplicy. O grupo de São Paulo tenta emplacar Marta no Ministério das Cidades, fato que tem resistência do próprio Lula. Na terça-feira, a cúpula do PT tem uma reunião com o presidente.

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