Título: De novo, país só ganha do Haiti
Autor: Almeida, Cássia e Rodeigues, Luciana
Fonte: O Globo, 01/03/2007, Economia, p. 29

SÃO PAULO. Pelo segundo ano consecutivo, a variação do PIB no Brasil superou apenas a do Haiti entre 18 países da América Latina e também ficou bem distante das taxas observadas em outras economias emergentes. É o que mostra uma análise feita pela consultoria Austin Rating de dados publicados e projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Entre os países selecionados na América Latina, o Brasil só ganha do Haiti (2,3%), nação destroçada pela guerra civil. Acima dos 2,9% registrados pelo Brasil aparecem, por exemplo, Paraguai, El Salvador (ambos com crescimento de 3,5%) e Guatemala (4,1%). A média calculada pelo FMI para a região em 2006 foi de 4,9%, pouco menos do que o dobro do PIB brasileiro. Uma avaliação da série histórica nos últimos sete anos mostra que o país só ficou acima da média geral em 2000 (4,4%, contra média de 2,8%) e em 2002 (1,9% e 0,2%, respectivamente).

A comparação é ainda mais desfavorável ao Brasil quando a amostra é composta por 34 países em desenvolvimento. O país ficou em último, também pelo segundo ano consecutivo: para um PIB de 2,9%, a média do grupo foi de 5,5% em 2006. Entre os integrantes do chamado Bric, termo cunhado para designar os emergentes com maior potencial de crescimento, o Brasil não mostra condições para acompanhar os 10% da China, os 8,3% da Índia e os 6,5% da Rússia.

- Esses dados demonstram que o problema está na gestão da nossa política interna. O problema é nosso, particular, não vem de fora - afirmou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, acrescentando que a baixa atividade econômica do país contrasta com o crescimento do PIB mundial: - Não tivemos crises externas relevantes nos últimos anos. Não conseguimos aproveitar essa oportunidade.