Título: Morales e Correa são chamados para ato de Chávez
Autor: Valente, Leonardo
Fonte: O Globo, 07/03/2007, O País, p. 14

Presidentes de Bolívia e Equador poderão participar de protesto anti-Bush na Argentina

Janaína Figueiredo

BUENOS AIRES. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, poderá não ser a única estrela do ato em repúdio à visita do presidente americano, George W. Bush, à região, que será realizado na próxima sexta-feira no estádio de futebol do clube Ferrocarril Oeste, em Buenos Aires. Segundo informações extra-oficiais, publicadas pela imprensa argentina, os organizadores do evento convidaram os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa, para participarem do evento, que coincidirá com a visita do presidente dos EUA a São Paulo e sua chegada ao Uruguai.

A informação foi confirmada pela presidente das Mães da Praça de Maio, Hebe Bonafini, antiga admiradora de Chávez e integrante da comissão organizadora do evento. Perguntada sobre a presença do presidente boliviano, Bonafini informou que "nós já o convidamos, mas ainda não sabemos se ele poderá vir". Ontem, Morales chegou ao Japão para uma visita de quatro dias, compromisso que poderia impedir que o presidente da Bolívia chegasse a tempo para presenciar o ato anti-Bush que seu colega venezuelano financiará na capital argentina. Cerca de 300 militares venezuelanos controlarão a segurança de Chávez e dos demais participantes do evento, que custaria cerca de US$200 mil.

- (Morales) parece um homem ideal para estar aí. Ele repudia a presença de Bush nestas terras tanto como nós e Chávez - declarou a presidente das Mães da Praça de Maio.

Kirchnner não deve ir ao evento, mas enviaria aliados

Mais cauteloso, o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, optaria por não participar do protesto. No entanto, integrantes do gabinete argentino já foram convidados e poderiam representar o governo Kirchner no evento - além de integrantes de organizações sociais aliadas ao presidente. Importantes funcionários do governo argentino, como o secretário geral da Presidência, Oscar Parrilli, estão participando da organização de um ato que buscará, claramente, atrapalhar a visita de Bush ao Uruguai.

No mesmo dia em que Chávez se reunirá com Kirchner na residência oficial de Olivos para assinar novos acordos comerciais, o presidente americano desembarcará em Montevidéu para uma visita de quase dois dias ao país. No próximo sábado, Bush se reunirá com o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, na residência presidencial de Anchorena, localizada na cidade de Colônia do Sacramento, a 180 quilômetros da capital.

Ontem, um grupo de cem manifestantes da Federação Uruguaia de Cooperativas de Habitação e Ajuda Mútua (Fucvam), iniciou uma marcha em direção à residência de Anchorena, onde realizará uma manifestação anti-Bush durante o encontro entre os dois presidentes. Também estão previstos protestos em Montevidéu, organizados por diferentes movimentos sociais do país.

- Receber o maior genocida do planeta como se fosse um presidente qualquer é um grande erro - disse o dirigente da Fucvam Eduardo López.

Já importantes lideranças políticas do Uruguai, como o ex-presidente Julio Maria Sanguinetti (1985-1990 e 1995-2000), criticaram a atitude do presidente venezuelano.

- A retórica de confronto com os EUA não pode ser uma razão de viver. Isso provoca fragmentação no continente, é uma posição que não faz bem à América Latina - declarou o ex-presidente uruguaio.