Título: PDT tenta derrubar projeto de sua futura pasta
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 16/03/2007, O País, p. 10

MUDANÇA NO TIME: Nelson Machado, que vai deixar o cargo, recebe solidariedade de parlamentares no Congresso.

Partido atua no Senado contra proposta de tornar mais rígidas regras de auxílio-doença, mas Lupi deve ser ministro.

BRASÍLIA. O ministro da Previdência, o técnico Nelson Machado, ligado ao PT, participou ontem de uma audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, quando recebeu a solidariedade de deputados governistas e de oposição. Evitou falar de sua substituição, provavelmente pelo presidente do PDT, Carlos Lupi. Mas lembrou que um dos principais projetos do governo na área - o que estabelece regras mais rígidas para a concessão do auxílio-doença - sofre oposição no Senado "do PDT, além do PFL".

Na verdade, o PDT, na Câmara e no Senado, se movimentou contra a proposta de mudanças no auxílio-doença. O próprio Lupi e o líder do partido, Miro Teixeira, já afirmaram que, com o PDT no Ministério, não haverá reforma da Previdência.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que já negocia com o PDT um acordo para que o projeto sobre auxílio-doença - do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e que faz parte do PAC - seja apreciado em breve pelo plenário do Senado. Ele disse que já conversou com o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), que procurou senadores para pedir que a medida não fosse votada.

Segundo Jucá, inicialmente a proposta seria aprovada, em caráter terminativo, pela Comissão de Assuntos Sociais, mas o PDT e outros partidos de oposição apresentaram requerimento para que o projeto fosse a plenário. Já na pauta do plenário, Jucá fez um acordo para que houvesse mais tempo de negociação e o projeto voltou para reexame de uma comissão.

- Vamos construir um entendimento para se votar. A pauta do Senado está trancada por causa de medidas provisórias. Assim que destravar, espero que seja votado no Plenário - disse Jucá, relator da matéria.

O projeto, na verdade, tem origem numa medida provisória rejeitada e visa a mudar o cálculo da concessão do auxílio-doença e reduzir as possibilidades de fraudes. Os cartórios, por exemplo, serão penalizados caso não comuniquem a morte de um beneficiário do auxílio. Para o governo, a mudança nas regras do auxílio-doença é fundamental para reduzir o déficit da Previdência no setor urbano.

- O presidente tem três bombas: Receita Federal, Banco do Brasil e Previdência. Três áreas cruciais que têm que ser atendidas com extremo cuidado - disse o presidente da Comissão de Finanças e Tributação, o petista Virgílio Guimarães (MG).