Título: Haddad, um ex-anônimo no 2º mandato
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 18/03/2007, O País, p. 14

Ministro tem como trunfos a disposição para o diálogo e a falta de ambição política

BRASÍLIA. De assessor anônimo a ministro nomeado no auge da crise do mensalão, Fernando Haddad sobreviveu às disputas do PT pela vaga no Ministério da Educação. Começa o segundo mandato com o desafio de produzir resultados numa área em que o presidente Lula e seus antecessores falharam: melhorar a qualidade do ensino básico. Aos 44 anos, tem trânsito entre intelectuais petistas, mas nenhuma atividade partidária ou eleitoral. Quem discorda dele elogia sua disposição ao diálogo. Foi com negociação que implantou o programa Universidade para Todos (ProUni), que idealizou. O ProUni dá bolsas para alunos de baixa renda e ajudou na reeleição de Lula.

- O ministro tem capacidade de ouvir e se dispõe a aprender - diz a presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Juçara Dutra.

- Ele tem uma abertura e franqueza difíceis de encontrar na maioria dos políticos tradicionais - diz o presidente da União Nacional dos Estudantes, Gustavo Petta.

Professor-doutor de teoria política da USP, Haddad tem orgulho de ter se formado em direito ali. É autor de livros como "Em defesa do socialismo" e "O sistema soviético". A vaidade do intelectual convive com a pouca desenvoltura diante da exposição pública. Abalado pelas especulações de que seria substituído por Marta Suplicy, dedicou os últimos dois meses à preparação do pacote educacional apresentado no Palácio do Planalto, na quinta-feira. Entre colegas é mais descontraído. No ano passado, cantou numa festa do MEC.

Ele foi para Brasília em 2003, como assessor de Guido Mantega no Ministério do Planejamento. Antes, fora chefe de gabinete da Secretaria de Finanças da Prefeitura de São Paulo, na gestão de Marta Suplicy. Seu padrinho é o agora ministro da Justiça, Tarso Genro, então no MEC. Tarso tinha contato acadêmico com Haddad num grupo de intelectuais petistas, e o convidou para ser secretário-executivo em 2004.

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