Título: Jarbas: reforma só atende à voracidade da coalizão
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 30/03/2007, O País, p. 11

Senador do PMDB diz que Lula agiu como autor de novelas e critica a ida de Tarso, ex-presidente do PT, para a Justiça

BRASÍLIA. Enquanto a cúpula peemedebista se esforça para mostrar que o racha ocorrido na disputa pela presidência do partido foi superado e não abalará a sustentação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) foi à tribuna para criticar o novo Ministério, que tem cinco integrantes do partido. Jarbas disse que essa unidade não conta com seu apoio: deixou claro que não está disposto a dar trégua ao governo e fez um balanço crítico da reforma ministerial.

Para Jarbas, Lula, que gosta de metáforas futebolísticas, mostrou nova faceta na condução da reforma ministerial: a "de autor de novelas", que expõe personagens à galhofa pública, transforma heróis em vilões e cede a todo tipo de pressão.

- A reforma ministerial parece ter virado um expediente só para atender à voracidade da coalizão em detrimento de um perfil técnico mais afinado com as necessidades do país - disse Jarbas.

Na sua avaliação, felizmente o presidente preservou as pastas da Saúde e da Educação na negociação com os partidos, por considerar que com elas "não se brinca". Ele lamentou que a Justiça tenha ficado de fora.

- Quiçá o presidente da República devesse ter incluído o Ministério da Justiça nessa sua relação antibrincadeira, pois a indicação de um nome do PT para a comandar a Polícia Federal colocará uma grande interrogação em todas as operações que o órgão tiver que realizar a partir de agora - disse Jarbas.

O senador refutou a idéia de dar uma trégua ao governo:

- Não considero viável atender ao pedido do presidente para que só se faça oposição em 2010. Esses acenos de trégua vêm e vão ao sabor das conveniências de quem está à frente do governo. Mas como alertou o jornal espanhol "El País", ao analisar a proposta do presidente brasileiro, não é bom para a democracia a ausência do contraditório. Nem a ditadura militar conseguiu calar a contestação, o questionamento.