Título: Yeda Crusius corta custos e parcela salários
Autor: Kern, Luiz Lak
Fonte: O Globo, 08/04/2007, O País, p. 13

Governadora tucana espera ajuda da União para enfrentar déficit de R$2 bilhões este ano.

PORTO ALEGRE. Decidida a enfrentar o déficit financeiro do estado - estimado em R$2 bilhões para 2007 -, a governadora tucana Yeda Crusius (PSDB) adotou um rígido programa de cortes no custeio, pressiona o governo federal por ressarcimentos da Lei Kandir e investimentos em estradas federais e instituiu o regime de caixa como norma, o que levou ao parcelamento dos salários de março de servidores que recebem acima de R$2.500. Os principais atingidos pela medida foram delegados de polícia, fiscais fazendários, oficiais da Brigada Militar, procuradores do estado e defensores públicos.

A crise no estado se arrasta há pelo menos três décadas e, segundo o secretário da Fazenda, Aod Cunha de Moraes Junior, a solução passa pela redução drástica das despesas, pela receita estadual de ICMS e pela dívida com a União. Yeda já se reuniu com representantes do Banco Mundial (Bird) para tratar da renegociação da dívida do estado. Ela espera o aval do governo para que os papéis da dívida possam ser negociados diretamente com o banco.

A primeira governadora da história do Rio Grande do Sul espera contar, também, com a sua base de apoio na Assembléia Legislativa para aprovar um projeto de lei que propõe a extinção, a fusão e a criação de secretarias e câmaras setoriais. Com as propostas, o governo do estado pretende reduzir as despesas em R$450 milhões e incrementar a receita em R$500 milhões, reduzindo o déficit, ao fim do ano, para cerca de R$1 bilhão.

Segurança melhorou, educação é problema

A Secretaria de Segurança roubou a cena entre o secretariado, às voltas com cortes e reclamações. Enio Bacci, o pedetista que comanda a secretaria, colocou a Brigada Militar nas ruas, deu visibilidade às ações policiais e apresentou índices decrescentes nos principais dados estatísticos da criminalidade. Em março, em termos percentuais, destaca-se a queda nas ocorrências de latrocínio (roubo seguido de morte, de -61,89%), roubo a carro-forte e furto/arrombamento a caixa eletrônico, com queda de 100%, furto de carga de caminhão (-60%), estelionato (-48,23%), roubo a casa lotérica (-38,46%), furto abigeato (-35,94%), furto de veículo (-32,36%), furto/arrombamento a estabelecimento de ensino (-24,79%) e roubo a motorista de lotação (-19,61%).

Tiveram aumento no número de ocorrências de roubo de carga de caminhão (22,22%), roubo a estabelecimento comercial (16,45%), seqüestro-relâmpago (13,04%) e, principalmente, o roubo a estabelecimento bancário, que cresceu 133,33%.

Se a segurança vai bem, a educação enfrenta sérias dificuldades com os cortes de 30% nas despesas. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação fez em março uma grande manifestação pública diante do Palácio Piratini, denunciando a falta de professores em sala, atrasos nos repasses da verba de autonomia das escolas, a falta de segurança e a necessidade de realização de concurso para funcionários.

A verba do transporte escolar para alunos do estado nos municípios de grande extensão também deu dor de cabeça para Yeda. As prefeituras queriam que o governo repassasse R$140 milhões, mas o estado afirmou não dispor dos recursos, o que gerou a suspensão do transporte. Depois de quase um mês de disputas, os 473 municípios do estado aceitaram a proposta do governo, que garantiu o repasse de R$41,2 milhões.