Título: Abrir o mercado
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 09/04/2007, O Globo, p. 2

O debate sobre a crise do setor aéreo não está restrito à gestão governamental nem à desmilitarização das atividades dos controladores de vôo. A cada dia que passa fica mais claro que as empresas privadas do setor também têm responsabilidade pelo caos. Os consumidores não estão satisfeitos com a administração pública nem com o tratamento que recebem das empresas aéreas.

Mesmo que não faça parte do cardápio de alternativas do governo Lula, foi recolocada na pauta a tese da privatização da Infraero, empresa que administra os aeroportos do país. O presidente do Democratas, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), diz que está na hora do governo federal passar a considerar a possibilidade de abrir o mercado do setor aéreo no Brasil.

- A crise é do setor aéreo como um todo, não se trata apenas de erros de gestão. O setor entrou em colapso geral - diz Maia.

A aviação comercial privada no Brasil vive um retrocesso em relação ao passado recente do setor. Hoje apenas duas grandes empresas operam os vôos comerciais no Brasil. Já foram quatro. Somente uma empresa voa para a Europa e os Estados Unidos e duas, para a América do Sul. A concentração desse serviço nas mãos de poucas empresas, avalia o democratista, pode resultar em acordos para aumentar os preços ou na divisão das rotas entre as companhias aéreas, reduzindo a concorrência. Lembra que foi a competição, nos últimos anos, que levou à melhoria do atendimento ao público e à oferta de passagens mais baratas para os usuários. Isso até o momento em que a Varig entrou em crise. A abertura do mercado também resultaria em novos investimentos estrangeiros no país.

Esse debate está no seu começo e vai ser fomentado pela exigência de qualidade no serviço, cada vez maior, por parte dos usuários. Além disso, a reorganização e a dinamização do setor também são fundamentais para que o país possa usufruir, ao máximo, seus esforços para ampliar a presença do Brasil nas rotas do turismo internacional. Sobretudo agora que o governo brasileiro negocia, com os Estados Unidos, a ampliação dos vôos das empresas americanas para o Brasil. A crise aérea, avalia Rodrigo Maia, teve o mérito de chamar a atenção do governo federal, e do Congresso, para uma questão que representa um gargalo para o crescimento da economia.