Título: Patrono sob suspeita
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 25/04/2007, Rio, p. 13

Formandos de direito discutem se mantêm escolha de Carreira Alvim.

Com o escândalo da prisão do desembargador José Eduardo Carreira Alvim, uma turma de formandos da Faculdade Nacional de Direito, da UFRJ, que, no fim do ano passado, o elegera patrono da formatura, fará uma nova assembléia para decidir se manterá a escolha do magistrado. De acordo com Eduardo Vimercati, membro da comissão de formatura da turma 2002/2, foi o significativo currículo acadêmico de Carreira Alvim, "considerado muito bom professor pelos alunos", que pesou na hora da escolha. Parte da turma defende que ele continue como patrono.

- Outros alegam que a escolha do patrono é algo muito simbólico, e a manutenção de uma pessoa sob suspeita poderia manchar a formatura da turma. Vamos deixar a poeira baixar um pouco e fazer a assembléia. Temos até o mês que vem para decidir, a formatura será em julho, e a colação, em setembro - disse o representante.

Em seu Orkut (site de relacionamentos na internet), Carreira Alvim tem apagado as mensagens enviadas à sua página e deixou apenas uma pequena declaração em que pede aos seus alunos da FND/UFRJ que "dêem tempo ao tempo para que a verdade se manifeste". Em seu blog, o desembargador indaga: "quando terminará o meu sofrimento, da minha família e dos meus amigos?" Ele mesmo responde: "Só Deus sabe, porque na Justiça sabe-se o dia em que entra, mas nunca o dia em que sai (sic)". Carreira Alvim também lamenta não poder continuar a desempenhar suas funções.

No seu perfil, ele se define como "um cidadão consciente da sua responsabilidade social" e de "esquerda liberal" e divulga seu site pessoal.

O desembargador Ricardo Regueira, também investigado na Operação Hurricane, recebeu pelo menos 64 mensagens de apoio no Orkut desde o dia 13 passado, quando foi preso. Ele respondeu a um grande número de amigos e admiradores, citando Deus, dizendo estar com a verdade e mencionando o "arbítrio" a que terá de "resistir".

Respondendo a manifestações de "indignação", "estupefação" e "incredulidade" de amigos e parentes, ele agradeceu a todos pelas "orações". A um dos amigos, disse: "Eu não sou forte. A vida me fez assim. Não é nada que vai me derrubar porque eu, humildemente, estou com a verdade, e aprendemos com os nossos mestres espirituais que ela é paciente". Sempre mencionando Deus, ele conclui: "Tenho de resistir ao arbítrio e creia que o farei (sic)".