Título: Religiosos defendem ajuda às mulheres
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 15/05/2007, O País, p. 4

O Papa reconhece que as mães precisam de todas as instituições"

APARECIDA (SP). Em sintonia com o discurso do Papa Bento XVI, em defesa da mulher e contra o machismo latino-americano, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Lyrio Rocha, disse que o Estado tem obrigação de dar as condições necessárias para que as mulheres possam criar seus filhos ao lado do marido e da família.

- A palavra do Papa nesse sentido vem reforçar e relembrar que a Igreja, na sua história, foi defensora da mulher em contextos muito concretos, o que não é o caso de recordar aqui, mas não é a primeira vez que a Igreja se expressa claramente nessa defesa da dignidade da mulher e no papel indispensável que ela realiza, não só no interior da família mas também na Igreja e na sociedade - disse o presidente da CNBB.

O cardeal brasileiro Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador, que passou a presidência da CNBB a dom Geraldo Lyrio na quarta-feira da semana passada, também viu no discurso do Papa a importância do papel de mãe.

- O Papa reconhece que as mães, primeiro, têm um papel que é delas, confiado pelo próprio Deus. E elas precisam de todas as instituições, seja da Igreja ou do Estado, para que possam ter, por exemplo, saúde e também educação e, assim, ajudem e façam sua parte no que diz respeito ao dever de cada um - disse dom Geraldo Majella.

"As políticas sociais devem visar a família"

O estado tem obrigação de oferecer as condições para que as famílias, lembra dom Geraldo Lyrio Rocha, "possam realizar plenamente as suas atribuições, a sua missão".

- Isso é papel do estado e as políticas sociais devem visar a família para que ela possa ser esta célula mãe da própria sociedade. Uma família que se desestrutura ameaça a desestruturação da própria sociedade - disse.

Mesmo que "o lugar e o papel da mulher na Igreja" seja um dos "elementos a serem enfatizados" pelos 22 delegados brasileiros eleitos para participar da Conferência do Episcopado Latino-Americano, conforme recomendação da CNBB, dom Geraldo Lyrio garantiu que a ordenação de sacerdotes do sexo feminino não entrará na pauta desta assembléia dos bispos.

- Certamente não.

Para o presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (Celam), o cardeal Francisco Javier Errázuriz Ossa, arcebispo de Santiago, Chile, a questão da mulher, abordada pelo Papa em seu discurso aos bispos da América Latina, é um dos temas que vão merecer muitas reflexões durante a V Conferência do Episcopado.

- Evidentemente que (a questão da mulher) vai estar no centro de muitas reflexões concretas, como a importância da família. É claro que são muitas as famílias destruídas, são muitos os filhos que não contam com seus pais e suas mães. É forte a ausência do pai e o Papa, pela primeira vez, falou sobre o machismo, dizendo que há de se considerar seu significado para Jesus Cristo, que a mulher deve ter condições de exercer plenamente seu papel como mãe, assim como o homem deve ser pai e esposo - disse Errázuriz. (Adauri Antunes Barbosa e Flávio Freire)