Título: Brasil e emergentes querem incluir etanol na agenda das nações do G-8
Autor: Fernandes, Diana
Fonte: O Globo, 06/06/2007, Economia, p. 32

A CORRIDA DA ENERGIA: País terá reunião preparatória com China, Índia e Rússia.

Governo brasileiro também pretende pôr em discussão mudanças climáticas.

NOVA DÉLHI. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua comitiva de diplomatas e negociadores embarcaram ontem para a reunião do G-8 (grupo das sete maiores economias do mundo mais a Rússia), na Alemanha, que começa hoje. Eles apostam que os países emergentes, sobretudo Brasil e Índia, vão conseguir incluir definitivamente na agenda das nações ricas dois temas: mudanças climáticas e energias alternativas, ou seja, o etanol brasileiro. Além disso, a pauta será dominada pelo tema da liberalização do comércio mundial por meio da Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), com foco na redução dos subsídios agrícolas dos países ricos.

- Não estamos falando em decisões ou resoluções sobre esses assuntos nesta reunião do G-8. Estamos falando em debates, em instruções que devem ser encaminhadas - disse o chanceler Celso Amorim.

O ministro lembrou que quando o G-8 decidiu convidar os países emergentes para os debates, o grupo sabia que não poderia ignorar China, Índia e Brasil (que formam com a Rússia os chamados Brics) nas discussões de comércio. Os Brics têm reunião preparatória para o G-8 amanhã, em Berlim.

Amorim vê avanço sobre Doha até o fim do ano

Sobre Índia e Brasil, após a segunda visita de Lula ao país, Amorim avaliou:

- Estamos muito bem afinados. Nós nos preocupamos com aquecimento global, defendemos que as metas de redução de emissão de gases sejam cumpridas e que todos os esforços nesse sentido sejam canalizados para os foros multilaterais.

Quanto ao desbloqueio de Doha, o chanceler brasileiro ainda acredita num acordo até o fim do ano. Ele ressaltou a força que as nações em desenvolvimento conquistaram nesse debate:

- De modo indireto, temos influído na agenda do G-8.

Sobre questões climáticas, além de encarnar o papel de garoto-propaganda do etanol brasileiro, Lula falará aos chefes de Estado dos países ricos sobre a proposta brasileira de recompensar financeiramente as nações pobres pelo desmatamento evitado. Essa conta seria paga pelo mundo desenvolvido. Em casos como o do Brasil, o incentivo se daria por financiamento de projetos de desenvolvimento sustentável.