Título: Compadre de Lula deixa a cadeia em Campo Grande e mantém silêncio
Autor: Yafusso, Paulo
Fonte: O Globo, 14/06/2007, O País, p. 4

SUCESSÃO DE ESCÂNDALOS: Filhos de Nilton Cezar Servo também foram soltos.

Juiz pediu mais informações para decidir sobre prisão preventiva de Morelli.

CAMPO GRANDE. A Justiça Federal em Campo Grande autorizou ontem a soltura de 58 presos na Operação Xeque-Mate, entre eles Dario Morelli Filho, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso desde o dia 4 no presídio federal de Campo Grande. Com Morelli, solto às 20h de ontem, foram libertados também Jamil Name Filho, sobrinho do presidente da Assembléia Legislativa do estado, Jerson Domingos, e os filhos de Nilton Cezar Servo, tido pela polícia como chefe da máfia dos caça-níqueis.

Outras 26 pessoas que tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça continuarão no presídio. Dois foragidos também tiveram a prisão temporária (válida por cinco dias) transformada em preventiva.

No caso de Morelli, o juiz da 5ª Vara Federal de Campo Grande, Dalton Conrado, pediu mais informações para decidir se concede ou não a preventiva, mas por enquanto o compadre de Lula responderá ao processo em liberdade. Morelli é acusado de ser sócio de um dos chefes da máfia dos caça-níqueis, o ex-deputado Nilton Cezar Servo, que continua preso.

Prisão preventiva foi decretada contra ex-deputado

Morelli foi um dos primeiros a deixar o presídio, ontem à noite, e não deu entrevista. Vão continuar presos, além de Nilton César Servo, Ary Silas Portugal, Hércules Mandetta Neto, o tenente-coronel da Polícia Militar Marmo Marcelino Vieira de Arruda, o major da PM Sérgio Roberto de Carvalho, o policial civil Edmo Marquette e José Eduardo Adbulahad.

Também estão com prisão preventiva decretada o ex-deputado federal Gandi Jamil e Raimondy Romano, dono de fábrica de máquinas caça-níqueis em São Paulo. Ambos estão fora do País, segundo a Interpol.

Em seu despacho, o juiz Dalton Conrado destaca que "as transcrições das conversas revelam a existência de indícios quanto aos delitos de corrupção ativa e passiva, porque agentes públicos estariam recebendo dinheiro para não apreender as referidas máquinas, bem como estariam também explorando diretamente máquinas caça-níqueis". O magistrado enfatizou ainda que "há indícios de materialidade do delito de contrabando, porque os laudos periciais concluíram pela existência de componentes estrangeiros nas máquinas caça-níqueis".

Ontem à tarde, peritos da PF de Brasília coletaram gravações dos acusados Ary Portugal, Hercules Mandetta Neto e do tenente-coronel da PM Edson Gonçalves da Silva. Eles negaram que a voz seja deles em alguns trechos das conversas. Os peritos vão fazer mais exames.

* Especial para O GLOBO