Título: Herança do Pan
Autor: Silva Jr., Orlando
Fonte: O Globo, 18/06/2007, Opinião, p. 7

A partir do dia 13 de julho, na abertura de cada transmissão dos Jogos Pan-Americanos, imagens do Rio de Janeiro serão mostradas para o mundo. Pela televisão, uma grande visão panorâmica da cidade se confundirá com os locais dos jogos, todos novos ou restaurados. O mais famoso cartão-postal do Brasil, renovado para e pelos jogos, vai dar início à festa dos recordes e medalhas. Uma exposição a milhões de pessoas no planeta, que se estende para muito além do Pan.

Entre os equipamentos construídos estão o Estádio Olímpico João Havelange, o Complexo Esportivo do Autódromo e o Complexo Esportivo de Deodoro, que conta com um Centro Nacional de Tiro sem igual na América Latina, um Centro Nacional de Hipismo, um campo de hóquei sobre grama e a piscina para competições de pentatlo moderno. A Vila do Pan, na Barra, que servirá a atletas durante os jogos, teve 17 prédios com 1.480 apartamentos erguidos com financiamento da Caixa Econômica Federal, que já estão totalmente vendidos.

O tradicional Complexo Esportivo do Maracanã, que integra o estádio Mário Filho, o Maracanãzinho e o Parque Aquático Júlio Delamare, foi totalmente reformado. Houve também a requalificação do Centro de Convenções do Riocentro, com instalação de ar-condicionado, gradeamento e tratamento de esgoto, assim como a urbanização das áreas do Recreio dos Bandeirantes, entre muitas outras obras que se espalham por todo o Rio.

Todas essas instalações serão equipadas com uma lista ampla de material esportivo, que o governo federal adquiriu no valor de mais R$16 milhões, atendendo às necessidades específicas de cada confederação. Esses equipamentos vão continuar sendo usados depois dos jogos. São investimentos que não se limitam ao Pan, mas ficam como legado para nivelar a capacidade de treinamento dos nossos atletas com a dos atletas de todo o mundo.

Foram comprados redes, caiaques, colchões, placares, cronômetros de alta precisão, equipamentos para ginástica olímpica, quadras esportivas, além de uma frota de 21 barcos importada da Itália que não tem similar na América Latina. Os materiais recebidos já são utilizados em treinamentos, campeonatos e seletivas para o Pan.

De nada adiantaria todo esse esforço se não pudéssemos garantir a segurança, tanto dos visitantes quanto dos moradores do Rio. E, assim como os equipamentos e as instalações, esse é outro legado que os jogos deixarão para a cidade e para o Brasil. O governo federal fez o maior investimento de todos os tempos no setor em um só Estado.

Entre outras coisas, foram adquiridas 25 aeronaves e um Centro de Operações Tecnológicas com 5 mil computadores e 400 câmeras. Isso vai permitir o monitoramento dos 17 lugares onde vão acontecer os jogos. Nada disso sairá do Rio depois dos jogos.

Aliado à compra de equipamentos, ao treinamento especial dos policiais e ao serviço de inteligência, serão envolvidos no esquema mais de 10 mil jovens de comunidades que fazem parte do circuito dos jogos. São os Guias Cívicos, mobilizados pelos líderes comunitários dos próprios locais. O pessoal já está tendo aulas de cidadania, ética, solidariedade, trânsito e turismo, além de noções de inglês e espanhol.

Esses meninos e meninas, com idade entre 14 e 24 anos, serão o elo de ligação dos organizadores dos jogos com as comunidades. Depois de tudo terminado, além de terem vivido uma experiência inesquecível, eles estarão muito mais bem preparados para a vida. Ao contrário do que aconteceu durante a ECO-92, quando as forças de segurança voltaram os seus tanques para as favelas, o projeto para o Pan integra a comunidade.

ORLANDO SILVA JR. é ministro dos Esportes.