Título: Máfia dos caça-níqueis: preso delegado da PF em Macaé
Autor: Werneck, Antonio e Araújo, Vera
Fonte: O Globo, 22/06/2007, O Rio, p. 13

Ele é acusado de deixar quadrilha atuar livremente na Região dos Lagos e de vazar informações sobre operações policiais.

Há dois anos e meio chefe da Delegacia Regional da Polícia Federal de Macaé, o delegado Eduardo Machado Fonte foi preso ontem à tarde por agentes federais da Diretoria de Inteligência Policial (DIP), de Brasília, por suspeita de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis. Ele foi a 25ª pessoa a ser detida na segunda fase da Operação Hurricane, deflagrada terça-feira. Quatro acusados ainda estão foragidos. A prisão de Fonte foi determinada pela juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal Criminal do Rio.

Segundo investigações dos agentes da DIP, Fonte "fazia vista grossa" e deixava a máfia dos caça-níqueis atuar livremente na Região dos Lagos. Ele foi preso na delegacia em Macaé e levado para a PF do Rio. Ainda de acordo com as investigações, nesses dois anos e meio, o delegado instaurou apenas um inquérito contra a organização criminosa, mesmo assim por determinação do Ministério Público Federal.

Cuidadoso, Fonte não costumava usar telefones. Por isso, não há grampos que o liguem à quadrilha. Foi necessário fazer um acompanhamento a distância do delegado, que teria sido flagrado com um interlocutor da máfia.

Segundo um policial, Fonte é suspeito de vazar informações sobre operações de combate aos caça-níqueis.

Além dos três delegados da PF presos na Hurricane 2, há 19 policiais civis detidos. Todos foram obrigados a entregar a arma e o distintivo. O único foragido é o inspetor Paulo Roberto Moreira da Silva, o Paulo Boca, que estava lotado na Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core).

De acordo com as investigações, por ser de Niterói, Paulo Boca estaria ligado ao contraventor Antônio Petrus Kalil, o Turcão. Há suspeita de que ele seria o intermediário dos pagamentos de propinas a policiais de Niterói, enquanto o inspetor Marcos Bretas, o Marcão, preso na primeira fase da operação, seria responsável pela capital.

Como O GLOBO noticiou ontem, pelo menos mais 15 pessoas podem ser presas a qualquer momento. O grupo é acusado de receber propinas da contravenção para não reprimir o jogo e de vazar informações para os bicheiros.

A PF informou que contraventores supostamente pagariam até R$50 mil, mensalmente, de propinas ao delegado Carlos Pereira da Silva, ex-chefe da PF em Niterói, suspeito de beneficiar o grupo ligado a Aniz Abraão David, o Anísio. Carlos foi preso em abril, na primeira fase da Hurricane.