Título: PF e MP investigam a partilha do dinheiro
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 05/07/2007, O País, p. 4

Roriz teria ficado com a maior parte do cheque de R$2,2 milhões de Constantino.

BRASÍLIA. As investigações sobre a partilha de um cheque de R$2,2 milhões do empresário Nenê Constantino, dono de empresas de ônibus no Distrito Federal e da Gol Linhas Aéreas, podem ter influenciado a renúncia do senador Joaquim Roriz (PMDB-DF). Apuração preliminar do Ministério Público e da Polícia Civil indica que ele teria recebido R$1 milhão - e não apenas R$300 mil, como alega o senador -, e seu suplente, Gim Argello (PTB), R$500 mil, no rateio descoberto por conversas grampeadas de Roriz.

O Ministério Público e a Polícia Civil se depararam com as informações dos valores supostamente repassados a Roriz, Argello e outras autoridades nas investigações da Operação Aquarela. Policiais e promotores estão, agora, comparando os dados preliminares com os documentos apreendidos pela Aquarela, há duas semanas, para tentar comprovar o rateio com os papéis. As informações farão parte de novo relatório a ser enviado para o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que abriu um procedimento administrativo para investigar Roriz.

A Operação Aquarela resultou na prisão de 19 pessoas, entre elas o ex-presidente do Banco Regional de Brasília (BRB) Tarcísio Franklin.

Policiais e procuradores estão interessados especialmente em confrontar as informações da partilha do dinheiro com documentos que teriam sido obtidos numa busca na Bahia. A partir daí, eles esperam chegar a uma conclusão definitiva sobre os valores divididos. Os investigadores informaram que a tarefa pode ser concluída ainda esta semana e que, na segunda ou terça-feira, enviam relatório à Procuradoria Geral da República.

- Não temos provas cabais. Temos indícios fornecidos por um levantamento da inteligência. E, claro, estamos sim, investigando se os repasses aconteceram dessa forma que está sendo colocada - disse uma das autoridades à frente da investigação.

Promotores e policiais estão investigando também se existe uma relação entre a partilha dos R$2,2 milhões e a nebulosa venda de um terreno de 80 mil metros quadrados do BRB no Setor Oeste, zona de expansão de Brasília. O terreno, comprado por uma das empresas de Nenê Constantino por R$15,9 milhões em maio, estaria avaliado hoje em aproximadamente R$130 milhões.