Título: FAB condena pouso com chuva em Congonhas
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Fonte: O Globo, 09/08/2007, O País, p. 8

Comandante da Aeronáutica, em depoimento na CPI do Apagão, também desaprova falta de grooving na pista principal

BRASÍLIA. A falta de grooving e o uso da pista principal do Aeroporto de Congonhas em dias de chuva, como no dia do acidente do Airbus da TAM, foram condenados ontem pelo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, em novo depoimento na CPI do Apagão Aéreo da Câmara. Ele classificou a pista de "muito crítica".

Quando o deputado Vic Pires Franco (DEM-PA) perguntou a Saito se achava a pista de Congonhas segura, ele respondeu que se o pouso ou decolagem acontecem dentro do envelope - corredor de pista entre os prédios - não há problema. Mas se algo der errado, não há saída.

- Considero aquela pista muito crítica porque não tem área de escape. Qualquer acidente depois da pista, cai dentro dos apartamentos e prédios. Por isso, acho que tem de limitar o peso das aeronaves que operam em Congonhas - disse Saito.

Indagado se a construção do grooving poderia ter evitado o acidente, Saito disse que sim:

- Acho que ajuda. Hoje, Congonhas não pode operar com pista molhada e chuva. Por precaução, a Anac expediu a recomendação nesse sentido.

O comandante também provocou a reação de parlamentares da oposição quando confirmou que, por questão de segurança, o Airbus A-319 da Presidência da República, o Aerolula, não levanta vôo com reverso travado. A manutenção do avião é feita pela TAM, que em seus vôos comerciais usa avião com reverso travado. Inclusive em pista molhada e escorregadia, como no acidente em Congonhas.

- Por norma de segurança, e por transportar o mais alto mandatário, o Grupo de Transporte Especial não permite o vôo com reverso pinado. Mas isso é norma de segurança, porque transporta presidente da República.

- Por que um critério de rigor para o presidente e não para o cidadão comum? Se existe risco de segurança, tem que ser o mesmo para o presidente e para o seu João - reagiu o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).

O deputado André Vargas (PT-PR) tratou de eximir o governo de responsabilidade no assunto:

- A responsabilidade é da TAM, foi ela que descumpriu norma de segurança. Não se trata de privilégio do presidente.

Fruet argumentou que é trabalho da Anac fiscalizar a TAM.