Título: Máfia dos combustíveis: PF investiga políticos
Autor:
Fonte: O Globo, 27/09/2008, Rio, p. 27

Três vereadores e um deputado federal são suspeitos de receber dinheiro da quadrilha para financiar campanhas

Dicler de Mello e Souza e Sérgio Ramalho

O braço político da máfia dos combustíveis será o alvo da segunda etapa da Operação Resplendor, da Polícia Federal. Anteontem, agentes da PF desarticularam um consórcio formado por policiais federais, civis e militares, que davam segurança ao bando formado por empresários no Sul Fluminense. As investigações indicam que vereadores de três municípios da região e até um deputado federal figuram entre os suspeitos de ligação com o esquema de sonegação de impostos e adulteração de combustíveis.

Os políticos teriam recebido dinheiro da quadrilha para financiar campanhas. Entre os beneficiados estaria o deputado estadual cassado Álvaro Lins, que está preso em Bangu 8, acusado de corrupção, contrabando e formação de quadrilha armada. Ex-chefe de Polícia Civil, ele aparece em fotos ao lado de empresários ligados à máfia dos combustíveis. Ainda segundo as investigações, a máfia trazia o combustível de São Paulo e Minas, e no interior do estado, em depósitos clandestinos, adulterava gasolina e álcool, posteriormente distribuídos para postos de abastecimento no Rio.

Já são cinco os policiais civis presos

Na madrugada de ontem, o policial civil Marco Aurélio Zarattini se entregou na 9ª Coordenadoria de Polícia do Interior, em Barra Mansa, onde é lotado. Lá, ele tomou ciência de que havia contra ele um mandado de prisão expedido pelo juiz da 4ª Vara Federal de Volta Redonda, Odilon Romano. Foi o terceiro inspetor de polícia preso no Sul Fluminense por agentes da PF. Os outros policiais civis presos na região foram Álvaro Marques Câmara Moreira, o Alvinho, também lotado na 9ª CRPI, e Carlos Alberto Faria da Silva, o Carlão, da 89ª DP (Resende).

Os três policiais foram transferidos de Barra Mansa para o presídio Bangu 8. O diretor da 9ª CPRI, Paulo Passos, foi orientado a conduzir os acusados diretamente para a unidade prisional no complexo penitenciário de Bangu, sem ser necessário apresentá-los na Superintendência da PF, na Praça Mauá, no Centro do Rio. Até o início da noite de ontem, agentes federais ainda procuravam 15 envolvidos no esquema que continuam foragidos. Com base nas investigações, a Justiça expediu 40 mandados de prisão em nome de delegados, inspetores, empresários e funcionários públicos.

Também foi detido o inspetor José de Andrade Machado, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), com sede no Rio. O delegado Paulo Passos, disse que na capital foi preso um outro policial civil, mas que ele não sabia dizer seu nome. O diretor afirmou apenas que os cinco policiais civis, cujos nomes estão incluídos na lista da Polícia Federal, estão detidos. Segundo Passos, a Operação Resplendor "cortou a carne" da própria instituição, mas foi uma iniciativa necessária para que fiquem na PF servidores voltados para a proteção da sociedade.

Já o comandante do 5º Comando de Policiamento de Área, coronel Celso de Araújo, disse não ter recebido mandado de prisão contra PMs da região. O 5º CPA coordena os batalhões de Angra, Volta Redonda, Resende, Barra do Piraí e Três Rios. Segundo o oficial, os PMs são de São Paulo.

COLABOROU: Antônio Werneck