Título: Cresce calote das contas
Autor: Pires, Luciano; Mendes, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 13/03/2009, Economia, p. 11

A deterioração da economia brasileira, acompanhada pela perspectiva de aumento do desemprego, deve fazer com o número de calotes continue crescendo, mesmo com o cenário de queda dos juros. O Indicador Serasa Experian de Inadimplência da Pessoa Física subiu 4,5% em fevereiro na comparação com o mesmo período de 2008. No bimestre, a alta chegou a 8,6%. ¿A inadimplência no início deste ano já está subindo em um ritmo superior ao do ano passado, quando a taxa acumulada foi de 8%¿, afirmou o gerente de Indicadores de Mercado Serasa Experian, Luiz Alberto Rabi.

Ele explicou que a elevação da inadimplência reflete o impacto da crise mundial no mercado de trabalho. Além disso, a concessão de crédito cresceu muito até outubro do ano passado e, com a piora dos indicadores econômicos, é ¿natural¿ que um número maior de brasileiros deixe de honrar suas dívidas, principalmente, as de prazos mais longos. Os consumidores deram mais calotes nos bancos no início deste ano ¿ 43,4% no indicador. Em segundo lugar ficaram os débitos com cartões de crédito e financeira (37%), seguido pelos cheques devolvidos (17,7%) e títulos protestados (1,9%).

Uma das surpresas foi o aumento do valor médio dos cheques devolvidos, que subiu 29,9% no primeiro bimestre deste ano, para R$ 823,15, na comparação com o mesmo período de 2008. Isso porque o gasto com cartões de crédito e financeira caiu 5,5% (R$ 357,07) e com bancos recuou 3% para R$ 1.371,13. ¿Com a dificuldade de acesso ao crédito, houve uma migração para o cheque pré-datado. As pessoas voltaram a comprar bens duráveis com cheque e esse efeito impactou no valor médio¿, contou o gerente.

Ainda ontem, a Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) divulgou que a taxa de juros média geral para a física caiu 0,10 ponto percentual em fevereiro, atingindo 7,47% ao mês (137,38% ao ano) em fevereiro ¿ a menor taxa desde setembro de 2008. O vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira, atribuiu o recuo dos juros ao repasse, que ainda não havia sido feito, do corte da taxa básica de juros (Selic) em janeiro e a perspectiva é de continuidade dos cortes.