Título: Citigroup ignorou os sinais da crise
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 26/11/2008, Economia, p. 22

Alto escalão do banco ajudou a afrouxar as regras para setor bancário.

Do New York Times

NOVA YORK. O Citigroup, que já foi a maior e mais poderosa instituição financeira dos EUA, caiu de joelhos abatido por perdas, baixa contábil de ativos podres e provisões para segurar perdas futuras que superam os US$65 bilhões. Mais da metade desse valor se refere às securitizações de hipotecas. As ações do banco caíram na semana passada para sua menor cotação, fechando a US$3,77. Com esse preço, o valor da companhia chegou a US$20,5 bilhões, bem menos do que os US$244 bilhões que valia dois anos antes. Ondas de demissão acompanharam a queda, com cerca de 75 mil vagas já fechadas ou prestes a desaparecer de uma força de trabalho de 375 mil empregados um ano atrás.

Atingido pelas perdas e uma crise de confiança, o futuro do Citigroup ainda é incerto, apesar da ajuda anunciada na segunda-feira pelo governo. O infortúnio do Citigroup se torna emblemático do gerenciamento perigoso e da corrida pelo lucro fácil que varreu Wall Street. A queda do Citi começou anos antes e envolveu seu alto escalão, sobretudo o diretor-executivo, Charles Prince III, e Robert Rubin, diretor do banco e conselheiro do presidente eleito, Barack Obama.

Analistas e fontes do banco dizem que Prince e Rubin tiveram papéis-chave na derrocada do banco, por terem rascunhado e abençoado uma estratégia que envolvia correr grandes riscos para expandir seus negócios e obter mais lucro. Quando era secretário do Tesouro, no governo de Bill Clinton, Rubin ajudou a afrouxar as regulamentações do sistema bancário, o que tornou a criação do Citigroup possível, e permitiu que os bancos crescessem além de seu papel tradicional de financiadores.