Título: Gilmar levanta suspeita sobre De Sanctis
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 06/12/2008, O País, p. 18

Ministro sugere que juiz tentou envolver nome do STF em "atos ilícitos".

BRASÍLIA. O pedido feito pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, ao Ministério Público para que seja investigada a denúncia de infiltração na Corte de pessoas ligadas ao banqueiro Daniel Dantas pode atingir até mesmo o juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal de São Paulo.

No ofício em que pede a apuração, Gilmar levanta suspeitas sobre interesses por trás da insinuação feita pelo magistrado de que alguém do STF pudesse estar envolvido na contratação de seguranças ligados a Dantas. E pede que "tentativas dos réus (ou outros interessados) de envolver infundadamente o nome da Corte em atos ilícitos" sejam esclarecidas.

No documento, Gilmar reclama da conduta do juiz federal: "Registro mais não ser a primeira vez em que, no curso desse processo, divulgam-se informações oblíquas, a sugerir comprometimento da probidade desta Corte". E cita uma declaração dele à revista "Época" em que, perguntado se Gilmar foi mencionado na Satiagraha, limitou-se a dizer que não poderia responder, dando a entender que o ministro poderia estar incluído no rol dos suspeitos.

Quarta-feira, Gilmar resolveu enviar o ofício ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, pedindo para que fossem tomadas "as medidas necessárias" para esclarecer se o coronel Sérgio Cirillo, ex-assessor da Secretaria de Segurança do STF, era espião infiltrado por Dantas. A suspeita foi levantada por De Sanctis na sentença que condenou Dantas a dez anos de prisão por tentativa de suborno a um delegado da PF.

No ofício, o ministro diz que Cirillo foi nomeado para um cargo de confiança por indicação do então secretário de segurança do STF, o coronel Joaquim Gabriel Alonso Gonçalves. Ambos foram demitidos em outubro. Segundo a assessoria do tribunal, as demissões não tiveram relação com qualquer suspeita de espionagem. O motivo seria o gênio difícil de Alonso.

A assessoria de imprensa da Procuradoria Geral da República informou que Antonio Fernando ainda não havia recebido o ofício e, por isso, ele não comentaria o assunto.