Título: Garibaldi é carta na manga como opção a Sarney
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 14/12/2008, O País, p. 16

Para barrar PMDB, Tião Viana acena com ajuda a Renan.

BRASÍLIA. Quem esteve com o senador José Sarney (PMDB-AP) nos últimos dias aposta que o ex-presidente está muito próximo de aceitar o desafio de voltar a comandar o Senado. Mas, se isso não acontecer, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) está pronto para apresentar outras opções.

O atual presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), por exemplo, é uma delas. Ele deverá apresentar à bancada do PMDB na próxima quarta-feira um parecer do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Francisco Rezek que respaldaria a possibilidade de ele disputar a reeleição para o cargo. Embora a reeleição, atualmente, só seja permitida entre uma legislatura e outra, o fato de Garibaldi ter assumido um mandato tampão de um ano abriria brecha para que ele concorresse novamente à vaga.

Sua candidatura poderia fazer um estrago na campanha de Tião Viana, ainda mais depois da popularidade conquistada com sua decisão de devolver ao Executivo a medida provisória 446, que renovava o certificado de filantropia para entidades sob investigação. Mas Garibaldi não é a única opção do PMDB, que não descarta a hipótese de lançar até a candidatura do senador Pedro Simon (PMDB-RS), cuja independência poderá se transformar num foco de problemas para o governo Lula.

Para frear Viana, PSDB e DEM vão apoiar PMDB

À espera de uma definição do PMDB para se posicionar e até mesmo frear as adesões à candidatura do petista Tião Viana, o PSDB e o DEM já sinalizaram que fechariam o apoio aos peemedebistas até mesmo se eles optassem por lançar o suplente Neuto de Conto (PMDB-SC). Por trás de todas essas negociações está o ex-todo-poderoso Renan Calheiros.

Interlocutores de Renan garantem que ele não quer criar problemas para o governo Lula, até porque conseguiu manter sua interlocução com o presidente mesmo durante sua quarentena, mas não perdoa o fato de o PT não ter assumido sua defesa durante os dois processos que enfrentou na Casa.

Além disso, considera a presidência do Senado estratégica para o partido, porque garante um equilíbrio de poder em relação ao PMDB da Câmara, empenhado para eleger Michel Temer (PMDB-SP), e ainda poderá influir nos rumos da legenda na disputa presidencial de 2010.

Viana chegou a procurar Renan na última quinta-feira, prometendo ajuda na sua empreitada de voltar à liderança do PMDB, tentando convencer os senadores Gerson Camata (ES) e Jarbas Vasconcelos (PE) - que não escondem sua simpatia pela candidatura do petista - a apoiarem seu nome. Certo de que já dispõe do apoio de pelo menos 14 dos 20 senadores peemedebistas, Renan encarou o gesto quase como uma provocação.