Título: PCdoB quer conquistar mandato
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 25/03/2009, Política, p. 08

Comunistas, que questionam na Justiça a campanha de Roriz, pretendem que a vaga de senador vá para o partido em caso de vitória. Dessa forma, Agnelo Queiroz, hoje filiado ao PT, não poderia assumir

A meta do PCdoB ao questionar na Justiça a campanha de Joaquim Roriz (PMDB) em 2006 é conquistar um mandato para o partido no Senado. Esses planos não incluem entregá-lo ao ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz, hoje filiado ao PT, caso a representação seja considerada procedente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O assunto é tratado com discrição, mas há um sentimento entre os comunistas de que o PCdoB deve tratar o caso da forma que o PT lidou com a desfiliação do deputado estadual Pedro Bigardi, em São Paulo.

Na última eleição, Bigardi se elegeu suplente pelo PT, mas migrou para o PCdoB. No início do ano, ele deveria ter tomado posse porque houve a abertura de três vagas na Assembleia Legislativa de São Paulo, devido à eleição de parlamentares como prefeitos de municípios paulistas. Em vez disso acontecer, no entanto, em dezembro, o então presidente da Assembleia, o deputado Vaz de Lima (PSDB), editou um ato convocando outro suplente, Carlos Néder (PT). Ele levou em conta uma solicitação feita pelo presidente estadual do PT, Edinho da Silva, que acusou Bigardi de infidelidade partidária. Essa posição, segundo representantes do PCdoB, foi endossada por toda a bancada petista na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Bigardi, único deputado do PCdoB no Parlamento paulista, só conseguiu tomar posse na última segunda-feira, graças a uma liminar concedida na semana passada pelo ministro Arnaldo Versiani, do TSE. A solenidade de posse teve a presença do ministro do Esporte, Orlando Silva, que é filiado ao PCdoB. Em artigo, a presidente do PCdoB-SP, Nádia Campeão, considerou o episódio envolvendo o companheiro de partido uma espécie de ¿cassação branca¿. O conflito em São Paulo foi lembrado nesta semana por representantes do PCdoB, justamente quando o presidente do TSE, Carlos Ayres Britto, negou recurso de Roriz e do senador Gim Argello (PTB-DF), atual principal interessado na discussão, em que se debatia o envio do processo ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Posse

A decisão acelera o andamento do julgamento da ação em que se discute se Roriz usou a estrutura administrativa da Companhia de Saneamento de Brasília (Caesb) em proveito de sua candidatura ao Senado em 2006. O assunto passou a interessar diretamente a Gim. Qualquer penalidade atingirá apenas o petebista. Se a ação for julgada procedente, o TSE terá de decidir também se dará posse ao segundo candidato mais votado, no caso Agnelo, que obteve mais de 540 mil votos, ou convocará novas eleições.

O presidente regional do PCdoB, Apolinário Rebelo, evita comparar os dois episódios. Ele disse que não se deve discutir agora um assunto como esse. ¿Não temos que antecipar problemas ou soluções. O que importa é conquistarmos um mandato que pertence ao campo da esquerda¿, analisou. Apolinário ressaltou que Agnelo sempre será tratado como um aliado, nunca como um adversário. Ex-ministro do Esporte, ele exerceu um mandato como deputado distrital e três como federal pelo PCdoB. Em 2006, disputou o Senado, tendo como suplente o advogado Messias de Souza (PCdoB). No ano passado, ele se desfiliou e entrou no PT.