Título: Fernando Henrique critica Lula e diz que presidente já está em campanha
Autor: Amora, Dimmi; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 12/02/2009, O País, p. 4

RUMO A 2010: Tucano reage a comentário de petista sobre analfabetismo.

PSDB pode ir ao TSE pedir autorização para antecipar processo eleitoral

RIO e BRASÍLIA. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está em campanha, ao comentar a declaração feita na véspera por seu sucessor, que afirmou durante evento com prefeitos que 10% da população de São Paulo são analfabetos (informação corrigida pelo próprio Palácio do Planalto). Segundo Fernando Henrique, que participou no Rio de uma reunião da ONG Comissão Latino-Americana Sobre Drogas e Democracia, Lula está antecipando o processo eleitoral.

Fernando Henrique disse que o PSDB - que se divide entre as pré-candidaturas dos governadores José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais) - não deve se antecipar à lei eleitoral, mas fez uma ressalva:

- Se o Lula continuar forçando a campanha antecipada, o PSDB pode ir ao TSE pedir autorização para fazer campanha também.

Já o deputado federal Paulo Renato (PSDB-SP), ex-ministro de Educação de FH, foi mais duro e acusou Lula de usar dados falsos sobre indicadores de educação em São Paulo, com a intenção de prejudicar Serra eleitoralmente.

- Foi um ato covarde, em um ato de campanha eleitoral, sem dar o direito de qualquer pessoa responder para esclarecer que é mentira - protestou Paulo Renato.

O ex-ministro argumentou que a média nacional de analfabetismo é 11%, portanto não poderia ser 10% só em São Paulo.

- Tentaram consertar depois dizendo que sua intenção (a de Lula) foi dizer que 10% dos analfabetos estão em São Paulo, mas a emenda ficou pior que o soneto. Lula é ridículo! - disparou o deputado tucano.

Para o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), não dá mais para o partido ficar de braços cruzados enquanto Lula turbina a campanha da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff:

- O PSDB tem de tomar a iniciativa e seus potenciais candidatos (à presidência) devem ocupar espaço crescente na opinião pública. Até porque o governo não respeita limites no uso da máquina pública. É uma luta desproporcional. O PAC nada mais é do que o título da campanha de Dilma. As inaugurações virtuais e o lançamento de pedras fundamentais se repetem quase que diariamente - disse Guerra.