Título: Presidente pede que investigação seja sigilosa
Autor: Martin, Isabela; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 14/02/2009, O País, p. 4

MISTÉRIO NA SUÍÇA

Itamaraty decide ficar em silêncio até o fim da apuração

RECIFE e BRASÍLIA. Em tom mais cauteloso do que o da véspera, quando exigiu respeito aos brasileiros no exterior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que as investigações sobre a suposta agressão à brasileira Paula Oliveira, na Suíça, devem ser conduzidas em sigilo. Lula disse que as autoridades brasileiras acompanham o caso e que a polícia suíça está agindo com seriedade.

- Eu não posso aprofundar (comentários sobre o caso), porque eu tenho as informações que eu recebi ontem (anteontem) do ministro Celso Amorim. Está sendo investigado, está sendo levado muito a sério o caso pela polícia suíça; o Consulado brasileiro está acompanhando. Essas coisas, muitas delas podem ser, e devem ser, conduzidas de forma sigilosa. Vamos aguardar que haja um anúncio oficial da polícia suíça - disse Lula, de manhã.

O clima de constrangimento causado pela informação da polícia suíça de que Paula não estava grávida ao sofrer a suposta agressão por três neonazistas, fez com que o Itamaraty optasse pelo silêncio. A única posição manifestada pelo Ministério das Relações Exteriores era que o órgão está acompanhando a situação e aguarda o desdobramento do caso. O silêncio foi adotado um dia após o governo admitir que, se a agressão denunciada pela brasileira ficasse caracterizada como xenofóbica, o caso seria levado ao Alto Comissariado de Direitos Humanos das ONU.

- Preferimos aguardar mais provas - comentou um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores.

A embaixada do Brasil na Suíça divulgou nota lamentando o incidente "humanamente trágico" e manifestando solidariedade a Paula e seus familiares. A nota, porém, respalda a informação de que a brasileira não estava grávida: "Os exames médicos realizados pelo Hospital Universitário de Zurique comprovaram que a vítima não estava grávida no momento do incidente. Todas as outras questões em aberto estão sendo averiguadas minuciosamente".

Enviada especial