Título: Paula deixa hospital em Zurique e evita imprensa
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 18/02/2009, O País, p. 11

"Ela está com as emoções à flor da pele", justifica pai; segundo ele, desejo da filha é voltar o quanto antes para casa.

ZURIQUE. Paula Oliveira, a advogada de 26 anos que alega ter sido atacada por um grupo de neonazistas numa estação de trem na Suíça, teve alta e deixou ontem o hospital universitário de Zurique. Ela foi direto para seu apartamento, em Dubendorf, no subúrbio da cidade. Mas não saiu pela porta da frente: usou uma lateral, pelo setor de emergência do hospital, longe de onde os jornalistas a esperavam.

- Ela continua chocada. Muito triste, muito abalada - justificou o pai, o também advogado Paulo Oliveira.

No apartamento onde vive com o namorado, o suíço Marco Trepp, Paula chegou a se aproximar da janela para observar o movimento na rua, mas, ao perceber que estava sendo filmada pela TV Globo, afastou-se. Ontem, no hospital, o pai dela chegou fazer um trato com a imprensa: Paula sairia pela porta da frente, desde que ninguém fizesse perguntas. Segundo ele, a filha está sob choque e precisa ser preservada.

Paulo Oliveira insistiu para que não a assediassem. Seis horas depois, ele desceu para informar que a filha já estava em casa, na companhia da mãe. O namorado não está em casa.

Pai diz que filha também quer voltar para o Brasil

O advogado disse que está aliviado com a saída da filha do hospital - o que, segundo ele, é "um problema a menos". Quando os jornalistas quiseram saber se Paula voltará ao Brasil, o pai confirmou que é este o desejo de todos, inclusive da filha:

- Todos temos planos de voltar. Mas não sabemos quando. Continuo preocupado. Quero o quanto antes voltar para casa.

Paulo Oliveira confirmou que, antes do suposto ataque, a filha já tinha passagem marcada para perto do carnaval, junto com o namorado, que viria ao Brasil ser apresentado à família dela. Agora, o pai disse a volta acontecerá "quando as condições físicas permitirem":

- Agora o projeto é se recuperar em casa. Ela está com as emoções à flor da pele.

O caso de Paula provocou uma alvoroço na Suíça e no Brasil depois que seu namorado enviou para a família fotos de seu corpo todo marcado supostamente por estiletes. Ela ligou para a família dizendo que tinha sido atacada por neonazistas. E foi através da própria família que o caso foi parar nos jornais, mobilizando até o presidente Luis Inácio Lula da Silva. Mas o resultado preliminar das investigações da polícia de Zurique caiu como uma bomba: Paula, que contou à polícia ter sido golpeada no estômago e ter abortado de uma gravidez de três meses, de gêmeos, num banheiro público próximo à estação, não estava grávida no momento do suposto ataque.

O pai de Paula disse ontem que sua filha - que, segundo ele, vinha sendo preservada das notícias - já sabe da versão da polícia.

- Ela reagiu com indignação e tristeza - contou.

O problema é que a família ainda não apresentou comprovantes da gravidez, nem do presumível aborto - o que deixa muitos rumores no ar. A mãe de Paula, Geni Ventura, disse ao "Jornal Hoje" que há exames comprovando a gravidez da filha e que Paula já sabe da versão apresentada pela polícia. Na Suíça, Paulo Oliveira, perguntado se a família não iria apresentar provas, disse:

- Ainda não chegou a hora de ter novas provas.