Título: Países querem que BID dê crédito a empresas
Autor: Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 28/03/2009, Economia, p. 35

Brasil lidera grupo de nações que pressionam banco a financiar projetos privados, que hoje são 10% de sua carteira.

Enviado especial

MEDELLÍN, Colômbia. Com o continente americano rachado, de um lado, por pacotes de gastos públicos para reativar economias, e de outro, pela sufocante falta de crédito para investimentos públicos e privados, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) quer ser maior para poder emprestar mais. Mas não somente aos governos da região, cuja capacidade de investimento foi sufocada pela crise ou já se encontra no limite da prudência fiscal.

Para alguns países, Brasil à frente, é hora de o BID emprestar mais para empresas privadas.

Na reunião de ministros dos 48 países membros do BID que começa hoje ¿ e que terá como ponto alto o discurso de Timothy Geithner, o secretário do Tesouro dos EUA, o país que mais contribui para o banco ¿ o Brasil pedirá que o BID amplie a fatia do dinheiro que hoje usa para financiar projetos privados e que se resume a 10% de sua carteira até agora, de US$ 52,1 bilhões.

¿ Este será um ponto a ser levantado pelo ministro Paulo Bernardo na reunião de domingo (amanhã). Há uma demanda enorme por empréstimo na América Latina e o setor privado não tem crédito ¿ diz o diretor executivo para o Brasil e Suriname do BID, José Carlos Miranda.

¿ Um dos pontos altos do debate será a necessidade do BID de diversificar sua carteira de clientes, ampliando dos governos para as empresas privadas e as chamadas entidades subnacionais, como algumas estatais ¿ disse o vice-presidente executivo do BID, Daniel Zelikow.

O banco já está mais ágil. O volume de empréstimos aprovados passou de US$ 7,8 bilhões, em 2007, para US$ 11 bilhões, ano passado, e US$ 18 bilhões, este ano (dos quais US$ 3,3 bilhões ao Brasil). A crise fez surgir em 2008 uma linha de US$ 6 bilhões para países com dificuldades.

Os três maiores sócios do BID são EUA (com 30% dos votos), Brasil (10,7%) e Argentina (10,7%), mas, em contribuição, os maiores são EUA (US$ 4,8 bilhões), Japão (US$ 592 milhões), Brasil (US$ 544 milhões) e Argentina (US$ 505 milhões).