Título: Reservas internacionais da AL cairão pela 1ª vez em 6 anos
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 30/03/2009, Economia, p. 14

Segundo bancos, fluxo externo recuará 57% em 2009.

MEDELLÍN, Colômbia. A queda nas exportações e nos preços das commodities, o recuo nos investimentos diretos estrangeiros e nas remessas, a falta de crédito no sistema bancário e até o freio nas viagens internacionais de turismo farão o fluxo de capitais privados estrangeiros para a América Latina recuar 57% em 2009, atingindo US$ 34 bilhões, segundo estudo do Institute of International Finance (IIF, associação que reúne bancos no mundo) divulgado ontem na reunião anual do BID. E mais: como a saída de dólares será em proporções maiores que a entrada, a região verá o seu déficit em conta corrente passar de 0,1%, em 2008, para 1,9% este ano. Por causa disso, afirma o instituto, as reservas internacionais da América Latina vão cair em 2009 pela primeira vez nos últimos seis anos, depois de terem atingido o recorde no ano passado de US$ 442 bilhões. Em 2009, as reservas atingirão US$ 386 bilhões.

Os empréstimos de bancos comerciais estrangeiros para a região serão os mais seriamente afetados pela crise econômica. Nas contas de Frederick Jaspersen, economista para a América Latina do IIF, os países da região pagarão aos bancos, este ano, bem mais do que receberão em empréstimos, invertendo o saldo financeiro dos último anos. O déficit previsto para 2009 é de US$ 14,3 bilhões.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou ontem que o presidente do conselho consultivo do BID, Pedro Paulo Kuczinski, entregou aos representantes dos 48 países-membros três propostas de aumento do capital da instituição, que vão de US$ 126 bilhões a US$ 180 bilhões. A proposta, disse ele, foi bem recebida por todos os países.

Se o aumento de US$ 180 bilhões for aprovado, o Brasil, que tem 10,7% do capital, terá que injetar US$ 770 milhões no banco em quatro anos (o equivalente a 4% da cota de cada país).

¿ Temos condições de fazer este aporte ¿ disse o ministro.