Título: Carlos Wilson morre de câncer, aos 59, em Recife
Autor: Galhardo, Ricardo; Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 13/04/2009, O País, p. 4

Lula e políticos destacam perfil conciliador do deputado, que foi governador, senador e presidente da Infraero.

RECIFE. Depois de lutar cinco anos contra o câncer, o deputado Carlos Wilson (PT-PE), de 59 anos, morreu na noite de sábado. Ex-senador, ex-governador de Pernambuco, ex-secretário nacional de Irrigação e ex-presidente da Infraero, Carlos Wilson estava internado há mais de um mês no Hospital Santa Joana, em Recife, depois de ter recorrido aos melhores especialistas e a tratamentos sofisticados para combater a doença. Seu corpo foi sepultado no fim da tarde de ontem no cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana de Recife.

O presidente Lula compareceu ao velório, mas não ao sepultamento, porque seguiu para Campinas para outra cerimônia fúnebre, a do deputado João Herrmann (PDT-SP).

Lula lembrou que conheceu Carlos Wilson em 1989, quando Cali, como era mais conhecido, era vice do governador Miguel Arraes (PSB), já falecido. Lula disse que foi difícil conquistar o apoio de Wilson, mas que depois disso estabeleceu-se uma grande amizade entre eles. E lembrou que acompanhou o sofrimento do petista, a quem visitou em Pernambuco, quando ele já estava muito fragilizado.

- Ele se submeteu a tratamentos rigorosos, mas tem um dia em que a pessoa não aguenta mais. Acho que ele descansou. Espero que a família seja forte, embora eu saiba que não existem palavras para consolar a morte. Mas, para quem é cristão, feito eu, há a expectativa de que ele tenha ido para um lugar melhor. Fica sempre essa expectativa, mas a gente só vai saber quando morrer - lamentou Lula. - Quando eu tinha 14, achava que quem tinha 40 era velho. Agora que tenho 63, acho que quem tem 59 é um menino.

Em nota, Lula elogiou o amigo: "Carlos Wilson foi um companheiro excepcional. Amigo leal e solidário, político ponderado, cordial e conciliador, com trânsito em todas as correntes partidárias. Guerreiro, quando necessário, lutou com coragem e bravura até o fim".

Carlos Wilson foi velado no saguão do Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual e onde esteve no comando por 11 meses, desde abril de 1990, quando Arraes se desincompatibilizou para disputar uma cadeira na Câmara. Wilson descobriu um câncer no rim esquerdo, que foi extraído. Pouco depois, a doença reapareceu no mediastino e, posteriormente, nos dois ombros. Ele deixou viúva Maria Helena Brennand e três filhos do primeiro casamento: Rodrigo, Marcela e Camila. Há alguns anos, ele tinha perdido o pai, o ex-senador Wilson Campos, e também um irmão.

A mãe de Wilson, dona Maria Tereza, de 82 anos, foi ao velório. O ataúde deixou o palácio por volta das 15h30m, e seguiu para o cemitério num carro do Corpo de Bombeiros. O caixão foi envolvido com as bandeiras de Pernambuco e do Náutico, clube de futebol do qual era torcedor. O governador Eduardo Campos destacou o espírito conciliador de Wilson:

- Ele sempre quis unir. Eu o conheci ainda muito jovem, quando ele era candidato a vice na chapa liderada pelo meu avô (Arraes). Desenvolvemos uma amizade grande a despeito das idas e vindas da política. Foi um gigante na luta contra a doença.

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) lamentou:

- Fomos amigos, confidentes da noite, de viagens. Era afável, tinha muitas amizades e fazia delas seu principal patrimônio.

Para o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), Wilson era exemplo de gentileza na convivência parlamentar.