Título: Para diretor, AL está saindo do fundo do poço
Autor: Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 25/04/2009, Economia, p. 23

Eyzaguirre espera melhora de dados econômicos na região

WASHINGTON. Nicolás Eyzaguirre, diretor para o Hemisfério Ocidental do FMI afirmou ontem que os países da América Latina já chegaram ao ¿fundo do poço¿ em relação aos efeitos negativos da crise econômica.

E acrescentou que, a partir de agora, as perspectivas são de progressiva melhora nos indicadores econômicos da região.

Em relação aos países mais ricos das Américas ¿ EUA e Canadá ¿ as previsões mostram que o fundo do poço só será atingido no início de 2010, mas que a recuperação deles vai acelerar o crescimento econômico latino.

Segundo Eyzaguirre, o Fundo está emprestando este ano US$ 61 bilhões para a região: US$ 47 bilhões para o México, US$ 11 bilhões para a Colômbia e US$ 1 bilhão para El Salvador, Guatemala e Costa Rica. Mas ele ressaltou que isso não significa que a região esteja em situação pior que o Leste da Europa ou alguns países africanos.

¿ É certo que prevemos uma queda de 1,5% no PIB da América Latina este ano, mas esta poderia ser muito maior se os países da região não houvessem se preparado com políticas sólidas e reformas em seus sistemas bancários. A América Latina pega esta crise em situação econômica muito melhor do que em crises anteriores ¿ disse Eyzaguirre.

Mantega dá controvérsia com Strauss-Kahn por encerrada Ele discordou de seu próprio chefe, o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, que disse que os bancos latinos poderão enfrentar dificuldades se a crise econômica se prolongar.

Segundo Eyzaguirre, os bancos da região são sólidos. Mas ele rebateu as acusações dos presidentes brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e argentina, Cristina Kirchner, de que o FMI erra ao projetar retração para a economia dos dois países: ¿ Não analisamos apenas os dados divulgados pelos países.

Fazemos o cruzamento desses dados com as informações dos países da região, especialmente com os EUA, já que a interação entre todos é grande.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, após se reunir com Strauss-Kahn, que as declarações deste sobre bancos latinos foram mal interpretadas e deu o episódio por encerrado.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que os bancos brasileiros estão com boa saúde financeira. E disse que a maior ajuda financeira do Brasil à América Latina faz sentido porque o país exporta muito para a região e, ao auxiliar os vizinhos, contribui para sua própria recuperação. (G.S.J.)