Título: Bernardo: projeção de 0,7% do PIB
Autor: Beck, Martha; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 20/05/2009, Economia, p. 20

Ministro afirmou que a economia vive um momento muito volátil.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem no Rio que a projeção do governo para o desempenho da economia deste ano é de expansão de apenas 0,7%. Hoje, o Planejamento apresenta a revisão dos parâmetros orçamentários, a segunda feita depois da crise. Até agora, a previsão era de crescimento de 2% este ano. O ministro considerou o avanço muito pequeno, mas disse que não adianta "chorar o leite derramado".

- É muito pouco (crescer 0,7%). Tínhamos que crescer 4%. Mas, pelo jeito nós vamos crescer 0,7%. Então, não adianta também nós ficarmos chorando porque derramamos o leite. Acho que nós temos que trabalhar duramente para chegar no segundo semestre com condição de ter um crescimento mais forte, mais acelerado. Isso nós estamos fazendo.

Bernardo afirmou que não espera uma queda tão expressiva da arrecadação (R$50 bilhões no ano) que obrigue o governo a fazer novas revisões. Para ele, a economia está vivendo um momento muito volátil, o que dificulta as projeções. Disse que o ministério tomou como base os dados das pesquisas de emprego, da indústria e da arrecadação para chegar no número de 0,7%.

- Sei que tem outras projeções, mas as nossas não são piores. Estamos com boa condição de acertar. Se houve algum elemento novo que leva a uma revisão novamente, nós vamos fazer, de maneira transparente. Os dados que nós temos agora nos levam a crer que vai dar esse índice que estamos falando.

Economista destaca aumento de gasto com pessoal

O ministro aproveitou sua palestra no XXI Forum Nacional que acontece no Rio até amanhã, para defender o aumento de gasto público, inclusive com pessoal. Despesa do governo que vem sendo criticada por especialistas.

- Com o esforço do PAC, vimos que quase não tínhamos engenheiros. As agências reguladoras não tinham quadro próprio. E havia milhares de consultores no lugar dos servidores, ganhando mais. O número de servidores é o mesmo de 1997.

No mesmo seminário, o economista especialista em finanças públicas, Raul Velloso, criticou o aumento desse gasto. Mostrou cálculos que mostram que as despesas com pessoal, incluindo Previdência, subiram de 5% do PIB (conjunto dos bens e serviços produzidos no país) para 5,63%, o maior desde 1996

- É preciso fazer uma mexida gradual na Previdência, para que os gastos com pessoal cresçam abaixo do PIB.

O professor da USP e ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, também presente ao XXI Fórum Nacional, disse que, para sair da crise mais rapidamente é preciso investir em infra-estrutura, que estimulam a produção de máquinas e equipamentos e a construção civil:

- Tivemos um sucesso enorme em evitar uma crise maior. Mas quem joga o produto (PIB) para cima é o investimento, mais do que o gasto puramente de transferência. O consumo varia pouco.