Título: Pressão do PMDB desagrada ao PT
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 28/05/2009, O País, p. 10

Petistas dizem que Lula não agirá com faca no pescoço, como querem aliados

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. A pressão do PMDB para uma definição imediata do presidente Lula sobre a formação de alianças regionais causou forte reação na bancada do PT e no Planalto. Lula não gostou do tom e só deve tratar do assunto com a cúpula do partido após a viagem à América Central, que fará semana que vem. Antecipou, porém, que não é o momento de confirmar nem de degolar candidaturas nos estados. Integrantes do PT disseram que o presidente não fará nada com a faca no pescoço, sob pressão do PMDB e com uma CPI em andamento.

- O PMDB precisa tratar bem o PT. Não pode ter faca no pescoço. As alianças só serão fechadas a partir de março. Sabemos que é importante ter o PMDB na aliança. Mas eles sabem que precisam do governo - reagiu o deputado Geraldo Magela (PT-DF), pré-candidato do partido ao governo do Distrito Federal, onde o PMDB deverá disputar com Joaquim Roriz.

Na cúpula do PT, a avaliação é que o PMDB quer aproveitar a fragilidade do governo por causa da CPI da Petrobras e da imprevisibilidade da candidatura da ministra Dilma Rousseff.

- O PMDB tem garras muito afiadas. Estão precipitando o processo. O partido deu estabilidade ao governo. Mas não pode, por isso, criar tensão em tudo. Não vamos antecipar o processo dos palanques - reclamou Zezéu Ribeiro (PT-BA), aliado do governador petista Jaques Wagner (BA).

Para o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), o momento é o de tentar resolver problemas regionais:

- O nosso congresso (em fevereiro) vai decidir o que vai acontecer. Em 2006, fechamos as alianças na reta final. Precisamos estar juntos, mas temos que incluir nas conversas não só o jogo do PMDB e do PT, mas também dos demais aliados.

Líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN) negou que o partido queira aproveitar o clima de CPI, mas alertou:

- Vamos levar o quadro das alianças ao presidente quando ele achar oportuno. Mas quanto mais tempo demorar, maior será o problema nos estados. A situação não é estressante. É preocupante. Por isso, não vejo motivo para interromper as conversas.

Diante desse cenário, o governador tucano Aécio Neves (MG) avaliou:

- Do ponto de vista regional, se fizermos uma contabilidade, há proximidade natural maior do PMDB com o PSDB em mais estados do que há com o PT.