Título: Briga no comando opõe presidente do Senado e 1º secretário
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 16/06/2009, O País, p. 3

Grupos dos dois senadores travam embate em torno das reformas na Casa e dos poderes dos diretores

BRASÍLIA. A disputa ferrenha entre dois grupos políticos pelo controle da Diretoria Geral do Senado pode ser uma das razões dos recentes vazamentos de atos secretos da Casa, que colocaram na berlinda o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Os atos que vieram a público até o momento tratam da nomeação de parentes e afilhados políticos do senador. A disputa acontece entre o grupo de Agaciel Maia ¿ o ex-diretor que comandou o Senado por 14 anos, ligado a Sarney ¿ e seguidores do 1osecretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), que criou uma Comissão de Sindicância para investigar as denúncias de mau uso do dinheiro público e vem tentando, nos bastidores, derrubar o atual diretor-geral, Alexandre Gazineo, também ligado a Agaciel.

Quando assumiu a presidência, Sarney anunciou a contratação da Fundação Getulio Vargas (FGV) para montar um projeto de reestruturação da Casa, numa tentativa de atenuar o desgaste. À época, descobriu-se, entre outras distorções, que o Senado tinha 181 diretorias e surgiram denúncias de mau uso das verbas públicas.

Pressionada pela repercussão das denúncias contra o Senado e pelo próprio Sarney, a FGV apresentou relatório preliminar em maio, em que propôs, entre outras medidas, a redução dos poderes da Diretoria Geral. A Mesa Diretora ganharia mais poder e voltaria a controlar a área administrativa, e a Diretoria Geral seria esvaziada, perdendo o controle sobre áreas como Prodasen e Gráfica.

A proposta foi mal aceita internamente.

Dos 181 cargos de diretor identificados inicialmente, a FGV constatou que só 41 exerciam efetivamente a função, e propôs a redução para sete diretorias. Os demais perderiam esse status, mas manteriam seus salários. A FGV sugeriu que a estrutura da Casa fosse reduzida, no futuro.

Criticado na mídia pela falta de ousadia, o relatório da FGV recebeu avaliação oposta do grupo de Heráclito, segundo fontes consultadas pelo GLOBO. A proposta de redução dos poderes da Diretoria Geral não teria agradado ao senador.

Enquanto isso, emissários da Comissão de Sindicância enviaram recado à equipe da FGV propondo um relatório conjunto, o que não foi aceito.

Reservadamente, técnicos da Fundação reclamam das dificuldades de acesso às informações.

O espelho da folha de pagamento, por exemplo, só teria chegado à equipe três dias antes do prazo de entrega do documento. Parte da equipe teve que recorrer à lista telefônica em busca de dados.

Essas informações são de responsabilidade da Secretaria de Recursos Humanos, comandada por um integrante da Comissão de Sindicância, Ralph Campos ¿ indicado por Heráclito. A publicação dos atos de nomeação de servidores ¿ secretos ou não ¿ também passa por sua secretaria.