Título: Vice-presidente do Senado é investigado no STF
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 02/07/2009, O País, p. 5

Primeiro na linha sucessória, Marconi Perillo (PSDB) ficaria temporariamente à frente da Casa até uma nova eleição

Bernardo Mello Franco

BRASÍLIA. Apesar de apoiar o afastamento de José Sarney (PMDB-AP) do comando do Senado, setores da bancada do PSDB temem que sua eventual saída transfira o foco da crise para o vice-presidente da Mesa, Marconi Perillo (PSDB-GO). Primeiro na linha sucessória da Casa, ele é alvo de quatro inquéritos no Supremo Tribunal Federal por supostos crimes como governador de Goiás. A lista de acusações inclui formação de quadrilha, corrupção passiva e fraude em licitações.

Se Sarney renunciar, Perillo teria cinco dias para convocar nova eleição. Em caso de licença, comandaria o Senado durante o período em que o presidente se mantiver fora do cargo.

Perillo tratou das acusações das quais é alvo em duas reuniões com colegas de partido esta semana, uma na Câmara e outra no Senado. Disse que nada tem a temer: ¿ Ele garantiu que está pronto.

Quem assume aquela cadeira precisa estar preparado para todo tipo de pressão. Se ele tiver alguma coisa a responder, pode estar certo de que virá à tona ¿ comentou um senador tucano.

Ontem, as acusações levaram Perillo a ser procurado pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL). O peemedebista queria desmentir rumores de que estaria preparando dossiês contra o tucano.

Num dos inquéritos, Perillo é acusado de receber propina de empreiteiras para financiar sua reeleição a governador, em 2002.

Ele teria participado de suposto esquema de corrupção e propina na liberação de créditos de empreiteiras com o estado de Goiás. Os recursos teriam sido usados para pagar dívidas da campanha, segundo parecer do ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza.

Em outro caso, Perillo e o atual governador goiano, Alcides Rodrigues (PP), que era seu vice, são acusados de fraudes na campanha de 2006. Segundo a denúncia do MP, eles teriam simulado a contratação de empresas e apresentado notas frias à Justiça Eleitoral. As acusações incluem formação de quadrilha, peculato e caixa dois.

¿O presidente não gosta de mim, denunciei o mensalão¿ Perillo é acusado de fraudar a Lei de Licitações ao comprar espaço num jornal de Goiânia.

Ele se diz inocente de tudo: ¿ Não tenho nada a temer por meus atos como governador.

Apresentei a defesa, e tenho certeza de que serei inocentado pelo STF. Estou tranquilo.

No auge da crise do mensalão, o tucano declarou ter avisado ao presidente Lula sobre o esquema um ano antes da denúncia do deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ).

Ontem, ele disse ver motivação política nas acusações: ¿ Depois de dois mandatos como governador, é natural que surjam inimigos. O presidente Lula não gosta de mim porque denunciei o mensalão e votei contra a CPMF. O que ele vê como defeitos, eu acho que são virtudes.