Título: Defesa de regras mais duras
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Fonte: Correio Braziliense, 21/03/2009, Economia, p. 24

Presidente do banco central dos EUA, Ben Bernanke, quer normas rigorosas que reduzam os ¿efeitos cíclicos e indevidos¿ dos movimentos do mercado financeiro e estabeleçam com maior clareza valor dos ativos

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, afirmou que espera uma melhora nos indicadores econômicos nos próximos três anos. ¿É difícil fazer um prognóstico da conjuntura que vamos enfrentar em três anos, mas acredito que ela vai ser muito mais liberada do que a de hoje¿, afirmou em Phoenix, Arizona, numa convenção de banqueiros. Ele se declarou encorajado com a resposta aos esforços do Fed diante da crise atual, mas afirmou que outras medidas são necessárias para restaurar a estabilidade.

Dois dias após o Fed anunciar a decisão de injetar mais US$ 1,15 trilhão no sistema financeiro, Bernanke disse que os programas do governo para estimular o crédito são cruciais para acelerar o ritmo e a intensidade da recuperação econômica. Na sua opinião, as agências reguladoras norte-americanas precisam modificar as regras contábeis e as normas de aplicação de capitais para evitar oscilações exageradas nos mercados financeiros.

¿Os formuladores de políticas devem rever as atuais regras contábeis e de capital para determinar se elas podem ser modificadas de forma a reduzir efeitos cíclicos e indevidos, sem enfraquecer a capacidade de atingirem seus objetivos fundamentais¿, disse. As normas de contabilidade, especificamente as de valorização de títulos a preços de mercado, vêm provocando debates nos EUA. ¿Como muitas instituições e auditores podem confirmar, determinar o valor apropriado de ativos sem liquidez pode ser muito desafiador, especialmente em um mercado altamente estremecido.¿

Recessão Depois do Banco Mundial (Bird) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), ontem foi a vez de a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) traçar um panorama ruim para o desempenho da economia global. Segundo o secretário-geral do organismo multilateral, Angel Gurria, o crescimento da Índia e China não impedirá a primeira contração do mundo em 60 anos. ¿Os Estados Unidos, a Zona do Euro e o Japão sofrerão redução importantes nas previsões de resultado para o Produto Interno Bruto (PIB)¿, disse.

Em novembro do ano passado, a OCDE previu que o PIB combinado de seus 30 países-membros cairia 0,4% este ano, que o PIB dos 16 países da Zona do Euro teria contração de 0,6% e que as reduções dos EUA e do Japão seriam de 0,9% e 0,1% respectivamente. Agora, vai rever para baixo as estimativas. A entidade também vai cortar a projeção para a China, que só crescera entre 6% e 6,5%, num desempenho bem menor do que os 11% de anos atrás. Segundo dados divulgados ontem, a produção industrial europeia em janeiro caiu 3,5% em relação a dezembro e 17,3% na comparação com janeiro de 2008.