Título: Para analistas, poço seco é risco inerente
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 12/07/2009, Economia, p. 31

Fracasso em área do pré-sal confirma dado do levantamento.

A confirmação de que um dos poços perfurados pela gigante Exxon Mobil no pré-sal na Bacia de Santos deu "seco" (ou seja, a empresa não encontrou petróleo), assim como os problemas enfrentados pela Petrobras nos equipamentos de um poço na área de Tupi, também no pré-sal em Santos, são exemplos da maior preocupação do setor com o acesso às reservas petrolíferas. O sócio da Ernst&Young José Carlos Pinto afirma que os temores das empresas globais se aplicam a todos os países, inclusive no Brasil.

- Esses riscos se aplicam também aos negócios das empresas que atuam no Brasil. São inerentes a esse tipo de atividade - destacou José Carlos Pinto.

João Carlos França de Luca, presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP, que reúne entre seus sócios todas as companhias petrolíferas nacionais e estrangeira que atuam no país), também avalia que os riscos apontados pela pesquisa são inerentes ao setor. E, apesar de não querer comentar o resultado negativo do poço perfurado pela Exxon, De Luca afirmou:

- Os riscos exploratórios são inerentes ao setor. E surpresas acontecem por que geologia não é uma ciência exata. Mesmo numa área de elevadíssimo potencial de petróleo como a Bacia de Santos, podemos ter surpresas como essa.

Companhias esperam a 11ª Rodada este ano ainda

Para reduzir a maior incerteza do setor, que é a dificuldade ao acesso às reservas, as companhias esperam que neste ano o governo brasileiro realize uma nova licitação de áreas, incluindo blocos marítimos, fora do pré-sal. O presidente do IBP destacou que a expectativa do setor é que, tão logo saia a regulamentação para o pré-sal, seja feita a 11ª Rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

- A expectativa da indústria é que, definido o novo modelo para o pré-sal, a ANP seja autorizada a realizar a 11ª Rodada incluindo blocos marítimos, fora do pré-sal. Se não tiver a possibilidade de acesso a novas reservas, as empresas começam a se desmobilizar e sair do país. Já estamos há dois anos parados, se perdeu muito tempo - alertou De Luca.

Diretor de Relações Institucionais da gigante internacional BP no Brasil, Ivan Simões destacou que muitas companhias não estão investindo no Brasil porque não estão sendo oferecidas oportunidades.

- No momento, o Brasil está sem oportunidades de novos investimentos. E é importante o país continuar a atrair investimentos - destacou Ivan Simões. (Ramona Ordoñez)