Título: Estudantes protestam com pizza
Autor: Lima, Maria; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 17/07/2009, O País, p. 8

Grupo entra no Senado e pede saída de Sarney.

BRASÍLIA. Um grupo de cerca de 20 estudantes secundaristas e universitários de Brasília e de outros estados burlou a segurança e conseguiu fazer um protesto próximo ao plenário do Senado. Por baixo da roupa, vestiam camisetas brancas com letras grafadas em tinta vermelha que, juntas, formariam a frase "Fora Sarney". Ao chegar ao corredor próximo do plenário, exibiram as camisetas e se perfilaram para pedir a saída do presidente do Senado do cargo, gritando "Fora Sarney".

Na verdade, a frase formada foi "Fora Arney", porque o garoto que estava com a camiseta do "S" não conseguiu entrar. A manifestação foi temporariamente censurada ontem na Agência Senado, na internet.

Por volta das 13h, estudantes gritaram palavras de ordem, sem ser contidos pelos seguranças, que observaram à distância. "Fora Sarney, último coronel do Brasil" e "Fora safado, devolve o Senado", bradavam, comendo pedaços de pizza, que depois jogaram no chão.

- Esse foi nosso primeiro ato secreto, mas depois do recesso vamos voltar com tudo e ir para as ruas. Se o Sarney pensa que vai embora para o recesso e tudo vai esfriar, não perde por esperar. Isso é só o começo - disse o estudante de pedagogia da UnB Rodrigo Pilha.

Desde a véspera, o grupo planejava protestar no plenário. Chegou a ficar nas galerias, quarta-feira, aguardando a chegada do senador, o que não ocorreu.

Logo após a manifestação, fotos e texto foram veiculados na Agência Senado, mas depois que uma das fotos, do fotógrafo do Senado Geraldo Magela, foi usada pelos sites do GLOBO e do G1,o material foi retirado da página da Casa na internet.

O editor da Agência Senado, Walter Pereira, admitiu que a reportagem saiu do ar após avaliação editorial, que concluiu não ter sido expressivo o ato contra Sarney. Minutos depois de os responsáveis serem procurados pelo GLOBO, a foto foi recolocada, mas o texto não voltou até por volta das 19h. Pereira e o diretor de Jornalismo, Davi Emerich, negaram ter recebido ordens da presidência.