Título: Lula elogia empreiteiros e pede nova lei de licitações
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Fonte: O Globo, 30/07/2009, O País, p. 4

A máquina de fiscalização é infinitamente mais poderosa que a máquina de execução", critica

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que seu governo conseguiu profissionalizar as empreiteiras do país. Ele comparou essas empresas às usinas de cana-de-açúcar que, no passado, segundo ele, eram consideradas apenas fonte de financiamento de campanhas eleitorais.

Em discurso para uma plateia de grandes empresários da construção civil, na comemoração de 50 anos do Sindicato da Indústria da Construção Pesada (Sinicom), ontem à noite, Lula reclamou da burocracia e defendeu mudanças na legislação para ¿destravar¿ o desenvolvimento brasileiro.

¿ Vocês sabem a fama de vocês há 15 e 20 anos atrás.

Empreiteiro e usineiro de cana eram duas coisas que político gostava na hora de procurar financiamento de campanha, e eram duas coisas que o político gastava de ter bem longe na hora da administração. Nós quebramos esse tabu. Os usineiros brasileiros viraram empresários, e as empreiteiras brasileiras viraram grandes empresas, que constroem obras em qualquer lugar deste mundo ¿ disse Lula.

Autocrítica sobre sua oposição à reeleição O presidente fez uma autocrítica ao reconhecer que anunciou várias obras, como aeroportos, por exemplo, que não saíram do papel. Ele não citou uma especificamente, mas defendeu mudanças na lei de licitações: ¿ Ninguém quer bandalheira, nem sobrepreço. É preciso discutir qual lei de licitação é importante para o país. Que possa preservar tudo direitinho, mas com um pouco mais de velocidade nas obras. Essa (nova lei) seria a maior obra estruturante deste país ¿ disse o presidente.

No discurso, Lula contou que um importante governador, com quem conversou recentemente, defendeu o fim da reeleição. E admitiu que era contra dois mandatos seguidos, mas mudou de ideia. Para ele, ficou claro que quatro anos é pouco tempo para se fazer obras estruturantes, diante das exigências da legislação.

¿ Até uma obra começar a acontecer leva três anos. Sou contra acabar com a reeleição.

Não acredito que em quatro anos se faça alguma obra estruturante.

Por isso, é preciso segundo mandato. Nem reivindico terceiro mandato, porque sou contra. O duro é que a gente só aprende isso quando chega à Presidência. Você aprende no primeiro mandato, você chora e sofre para aplicar no segundo ¿ disse.

Presidente quer proposta pronta até fevereiro Na presença de alguns parlamentares, o presidente e também lançou farpas contra o Congresso, por ter criado instrumentos duros de fiscalização que podem atrasar projetos, mas se incluiu entre os culpados: ¿ Eu fui constituinte e fui responsável por isso. Fomos montando uma máquina de fiscalização muito poderosa. A máquina de fiscalização é infinitamente mais poderosa que a máquina de execução. Alguma coisa está errada.

Para o presidente, é preciso mudar a legislação. Lula sugeriu a criação de um grupo de trabalho para apresentar, até fevereiro do ano que vem, propostas de um novo marco regulatório para facilitar a execução de obras públicas.

Anteontem, Lula prometeu anunciar também em fevereiro um novo pograma de obras, o PAC 2.

¿ Ninguém aqui quer desmatar.

Queremos fazer a coisa certa, mas é preciso fazer em tempo hábil, porque a única coisa que tem tempo neste país é o mandato do governante. O que precisamos fazer para evitar tanta pendenga no Poder Judiciário? ¿ perguntou.