Título: Universal não prova origem de R$10 milhões
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Fonte: O Globo, 15/08/2009, O País, p. 8

Justiça não aceita explicação de que a fortuna em dinheiro vivo encontrada com pastor em 2005 era de doações

OS R$10 milhões apreendidos em sete malas, em 2005, com líder da Universal: notas sequenciais e fita de banco em maço chamaram atenção

SÃO PAULO. Os mais de R$10 milhões apreendidos em Brasília, em julho de 2005, num avião com dirigentes da Igreja Universal do Reino de Deus ainda estão sob custódia da Justiça Federal, já que os representantes religiosos não conseguiram provar a origem lícita do dinheiro.

Os exatos R$10.202.690, apreendidos em sete malas, estavam num jatinho particular com João Batista Ramos da Silva, à época deputado federal pelo PFL, atual DEM, e pastor da Igreja Universal. Ele já foi diretor-presidente da Rede Record de Televisão e da Rede Mulher de Televisão e é um dos dez réus na ação criminal que inclui também o bispo Edir Macedo, fundador da Igreja, acusados de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Desde a apreensão, a Universal e Batista fizeram seis tentativas de retomar o dinheiro, todas negadas. A Justiça diz que até hoje não ficou comprovada a origem lícita. Um dos motivos do bloqueio é que entre as notas havia 36 de R$100 numeradas em sequência. Por causa dessas notas, o juiz Márcio Rachid, da Vara Federal especializada em lavagem de dinheiro, duvidou da explicação de que o dinheiro saíra de doações nos cultos.

"A moeda posta em circulação dificilmente preserva toda a série sequencial, ainda mais em caso de valor alto", disse o juiz no seu despacho, segundo o "Jornal Nacional", da TV Globo.

A Universal alega que o dinheiro foi arrecadado em templos de Manaus, Belém e Brasília. Mas, segundo o juiz, as notas foram distribuídas pelo Banco Central a uma agência de Minas. O juiz também notou que havia dois maços de R$10.000 com etiquetas de um banco e o carimbo da Universal, pacotes que dificilmente seriam levados a um templo para doação.