Título: Dirigentes de fundo voltam a denunciar manobras
Autor: Otavio, Chico
Fonte: O Globo, 27/08/2009, O País, p. 9

Conselheiros do Real Grandeza dizem que ações na Câmara visam a dar controle da entidade para políticos

Audiências públicas solicitadas esta semana à Câmara dos Deputados, para apurar a suposta omissão de um passivo de R$ 300 milhões no Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários de Furnas, revoltaram dirigentes da entidade.

Os autores das solicitações, os deputados tucanos Sílvio Lopes (RJ) e Rômulo Gouveia (PB), acusam os gestores do fundo de produzir, com a omissão do prejuízo, um superávit artificial. Mas os dirigentes devolveram a acusação e disseram que o real objetivo da iniciativa é afastar a diretoria do Real Grandeza e assumir o controle do fundo, o terceiro maior do país, quando se aproxima o ano eleitoral.

¿ Só posso entender isso como uma tentativa de criar suspeitas sobre a gestão da Real Grandeza visando a tirar proveito dessa situação. São interesse poderosos contrariados, que querem manipular o patrimônio da fundação ¿ acusou Jeovah Machado, integrante do Conselho Deliberativo do fundo.

Embora Rômulo Gouveia tenha entregue o requerimento à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara e Sílvio Lopes à Comissão de Minas e Energia, o teor dos dois documentos é igual. Eles alegam que ¿informações veiculadas¿ indicariam que o fundo omitiu em seus balanços de 2007 e 2008 mais de R$ 300 milhões.

Este valor, somado ao déficit de R$ 400 milhões apurado no ano passado, elevaria o rombo atuarial do Real Grandeza a R$ 700 milhões.

¿ Recebi elementos publicados não sei bem onde, mas se existe uma suspeita, nada melhor do que esclarecê-la. É um fato grave ¿ rebateu o deputado Sílvio Lopes.

PMDB do Rio estaria por trás das supostas manobras No Real Grandeza, corre a informação de que os requerimentos, mesmo partindo de políticos do PSDB, teriam sido patrocinados na realidade da bancada fluminense do PMDB, que indicou nomes para a direção de Furnas e já tentou assumir o controle do Real Grandeza em ocasiões recentes.

¿ Não tenho o menor interesse político. Nem quero mais disputar eleições de 2010 ¿ negou Sílvio.

Mas os dirigentes do fundo não abandonam a suspeita: ¿ A fundação não pode ser vista como empresa pública. É entidade sem fins lucrativos, de natureza privada, e as contribuições destinadas a ela são carimbadas. É dinheiro do plano de benefícios ¿ disse outro dirigente do Conselho, Horário de Oliveira.

Procurado, o deputado Rômulo Gouveia não retornou o contato feito pelo repórter