Título: Caças: Jobim admite que prazo para entrega de propostas pode ser adiado
Autor: Magalhães, Luiz Ernesto; Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 19/09/2009, O País, p. 4

Ministro ironiza proposta da Suécia de duas aeronaves por preço de uma

JOBIM: "Compra uma garrafa de cerveja e ganha quatro de guaraná?"

RIO e PORTO ALEGRE. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem no Rio que a Aeronáutica não descarta a possibilidade de adiar o prazo final para que França, Estados Unidos e Suécia apresentem suas propostas sobre a venda de caças, previsto para esta segunda-feira. O adiamento foi proposto porque os franceses ainda não teriam conseguido concluir sua oferta.

Jobim ironizou a proposta da Suécia de vender dois caças pelo preço de um para as Forças Armadas brasileiras. Ao comentar que só conhece a oferta pela imprensa, afirmou:

- É venda casada? Compra uma garrafa de cerveja e ganha quatro de guaraná? - disse o ministro, após participar da cerimônia de lançamento dos V Jogos Mundiais Militares no Forte de São Sebastião, na Urca, que serão realizados em 2011, no Rio.

Em Porto Alegre, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem que o Brasil aumente cada vez mais seu poder de defesa. Em entrevista à Rádio Guaíba, pouco antes de inaugurar a duplicação de um trecho da BR 448 naquele estado, Lula afirmou que o país tem grandes patrimônios para defender, como a Amazônia e a camada pré-sal. Embora tenha descartado um corrida armamentista na América do Sul, Lula enfatizou:

- O Brasil é um país de paz, mas precisa mostrar os dentes se alguém quiser brigar conosco - disse Lula, lembrando que o Brasil produzia tanques nos anos 70 e agora tem dificuldade para fazer manutenção de equipamentos militares.

Segundo Lula, a intenção de compra de caças para a Aeronáutica não significa uma corrida armamentista no país. Mas disse que o Brasil não medirá esforços para se proteger:

- Não mediremos esforços para recuperar nosso poder de defesa. A gente não tem como contar só com as palavras - disse Lula, em referência a eventuais promessas de outros países de que nunca atacariam o Brasil.

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata à Presidência, ao seu lado, também defendeu a proteção de patrimônios do país, como a Amazônia e a camada pré-sal.