Título: PSB resiste ao PT e lança Ciro à Presidência
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 01/09/2007, O País, p. 8

Governador de Pernambuco lidera ato por candidatura própria do partido em 2010.

BRASÍLIA. O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) foi lançado informalmente por seu partido candidato à sucessão presidencial de 2010, na noite de quinta-feira. Na abertura do evento em comemoração aos 60 anos do PSB, o governador Eduardo Campos (PE), presidente da legenda, foi enfático ao afirmar que Ciro Gomes é o nome do partido. No seu discurso, Campos afirmou que o desafio do PSB, parceiro histórico do PT em todas eleições disputadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vai trabalhar para costurar a unidade dos partidos de esquerda numa candidatura única. Mas não citou a participação do PT nessa aliança, indicando claramente que a tendência do PSB será o de seguir um caminho próprio.

- Dizíamos um ao outro, eu e Ciro, que nós sabemos a peleja que vem pela frente. Vamos estar unidos. Temos consciência que o PSB precisa ser a linha que vai costurar muitas forças partidárias, políticas e sociais. Não para termos um projeto de botar nome na rua. Mais do que nome, que nós temos, temos é projeto para o nosso povo. Nosso companheiro tem maturidade, conhece esse país - enfatizou Campos, para centenas de militantes que lotavam o auditório do Museu da República.

Ciro faz gestos para conter entusiasmo

Integrantes da Juventude Socialista gritavam palavras de ordem como "Brasil, urgente! Ciro presidente!". O entusiasmo foi tamanho que o próprio Ciro Gomes teve que fazer gestos com as mãos pedindo calma para a platéia. Na mesa, além dos governadores, ministros e líderes do partido, estava o escritor e imortal paraibano Ariano Suassuna.

Em outro momento do discurso, Eduardo Campos ressaltou a lealdade de Ciro a Arraes, seu avô, explicitando que já havia um acordo para que Ciro fosse o presidenciável do partido:

- Conhece a minha história e sabe muito bem que de onde eu vim, guardo os traços de nordestino, que palavra vale, não precisa de assinatura. Nós vamos construir (sua candidatura) com tranqüilidade - disse Eduardo Campos, dirigindo-se a Ciro.

As resistências a uma eventual aliança com o PT ficaram visíveis em vários momentos do discurso, principalmente quando ele fez críticas indiretas aos petistas. Campos chegou a fazer uma comparação implícita do PSB com o PT, ao afirmar que não havia tendências no seu partido.

- Estive conversando demoradamente com meu companheiro Ciro Gomes, antes de vir: esse partido aqui não tem tendência não. Esse partido tem diversidade, tem democracia interna. Mas, esse partido tem unidade, tem comando e tem pulso. Esse partido tem projeto de construção do Brasil - alfinetou Eduardo Campos.

Preocupado com a antecipação da sucessão presidencial, o próprio Ciro advertiu ontem, em reuniões do partido, que era preciso segurar um pouco o entusiasmo do PSB. Preferiu, inclusive, não dar entrevistas.