Título: Programa de segurança divide tucanos
Autor: Jungblut, Cristiane e Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 24/09/2007, O País, p. 5

PSDB paulista não aceita projeto de Lula, mas aliados de Aécio apóiam.

BRASÍLIA. O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), um plano que prevê investimentos de R$6,7 bilhões, virou uma queda-de-braço entre os governos federal e paulista. Dos 11 estados contemplados no programa, São Paulo é o único, até o momento, a apresentar restrições à proposta lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no fim do mês passado.

São Paulo é o centro da disputa política entre o PT de Lula e o PSDB do governador José Serra, candidato em potencial às eleições presidenciais de 2010. Para o secretário de Segurança de São Paulo, Ronaldo Marzagão, porta-voz de Serra sobre o Pronasci, o programa faz exigências descabidas aos governos. Um exemplo seria a necessidade de adesão formal ao Pronasci para os estados interessados em receber recursos extras. Ele diz ainda que o programa não esclarece se são os governadores ou os prefeitos que devem chamar a Força Nacional de Segurança Pública.

As críticas foram reforçadas pelo líder do PSDB na Câmara, Antônio Carlos Pannunzio (SP), para quem o governo federal não consegue sair do campo das intenções. Pannunzio sustenta que a Força Nacional tem mais efeito publicitário que impacto sobre a criminalidade.

Minas e Rio, ao contrário de SP, apóiam o programa

A posição dos tucanos paulistas contrasta com a dos ligados ao governador Aécio Neves. Para o secretário de Defesa Social de Minas, Maurício Campos, o Pronasci é bom, pois associa medidas repressivas e ações.

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, um dos principais aliados de Lula no PMDB, também é a favor.

- O programa é exeqüível, vai sair do papel. Tenho certeza de que ele será extremamente valioso para a política de segurança dos diversos estados brasileiros - disse Cabral.

O Pronasci prevê a distribuição de bolsas para policiais com salários abaixo de R$1,4 mil, reservistas, jovens em situação de risco e mães nos chamados territórios dominados pelo narcotráfico. Segundo o secretário nacional de Segurança Pública, Antônio Carlos Biscaia, a idéia é extirpar a concorrência do crime organizado na arregimentação da mão de obra juvenil em bairros pobres.