Título: Brasil pede a extradição de Cacciola
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Fonte: O Globo, 03/10/2007, Economia, p. 24

Governo entrega documentos a Mônaco. Justiça condena ex-dono do Econômico.

PARIS, RIO e SÃO PAULO. O governo brasileiro entregou ontem, na Embaixada de Mônaco em Paris, o pedido formal de extradição do ex-banqueiro Salvatore Cacciola, informou o site da BBC Brasil. A entrega da sentença, com suas 553 páginas traduzidas para o francês, foi confirmada pela ministra-conselheira da embaixada do Brasil na capital francesa, Maria Laura da Rocha. O documento era o que faltava para complementar o processo de extradição.

Mas o advogado de Cacciola, Carlos Ely Eluf, entregou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) um novo pedido de habeas corpus. Eluf não quis dar detalhes da defesa, mas disse que o recurso, se concedido, pode interferir no pedido de extradição.

Além disso, caso Cacciola seja extraditado, o habeas corpus evitará que ele fique preso no Brasil até o julgamento do caso na segunda instância, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio e Espírito Santo). Eluf acredita que o habeas corpus, o sexto em favor de Cacciola, deve ser julgado logo - a tempo de interferir na extradição - por tratar de réu preso e maior de 60 anos.

Ele disse ainda que o advogado Edgard Samaha, de seu escritório, deve chegar a Mônaco na sexta-feira, para municiar o advogado local com argumentos sobre a ilegalidade da prisão de Cacciola.

- E ele não pode ser considerado foragido se saiu do país com uma decisão válida do STF - disse Eluf.

O pedido formal de extradição foi entregue dois dias antes do vencimento do prazo de 20 dias, contados a partir da data da prisão, que poderia ser prorrogado por mais 20 dias. Os papéis chegarão ao principado entre um e dois dias. O diretor de Serviços Judiciários de Mônaco, Philippe Narmino, estima que a decisão seja anunciada entre o fim deste mês e o início de novembro.

Calmon de Sá é condenado a 13 anos de prisão

Os dirigentes do extinto Banco Econômico foram condenados pelo juiz federal Toru Yamamoto, da 3ª Vara Criminal de São Paulo, por crimes contra o sistema financeiro nacional, em sentença proferida no último dia 28. O banqueiro Ângelo Calmon de Sá, que foi presidente do banco, foi condenado a 13 anos e quatro meses; e José Roberto David de Azevedo, vice-presidente, a seis anos, ambos em regime fechado de reclusão.

Também foram condenados a pena de reclusão, mas em regime semi-aberto, o ex-diretor Ildebrando Crisóstomo da Silva Filho (quatro anos e oito meses) e o ex-gerente Fernando Antônio Azevedo Marques Prestes (quatro anos e quatro meses).

Para o juiz Yamamoto, Calmon de Sá foi "o principal estrategista, promotor e mandante dos fatos da denúncia, além de destinatário dos recursos ilicitamente captados no exterior e desviados para o banco". O Econômico recebeu ajuda do governo (Proer), mas entrou em liquidação judicial em 1996.